Integrantes da equipe econômica afirmam que o atentado ocorrido na Praça dos Três Poderes não vai adiar o envio do pacote de cortes de gastos ao Congresso Nacional.
Embora reconheçam um momento delicado pelo fato ocorrido, na avaliação dos autores da proposta, a semana já estava comprometida por outros assuntos, disseram fontes à CNN.
Na noite desta quarta-feira (13), por volta das 19h30, um homem se matou em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) após atirar explosivos na sede do Judiciário. Ele também explodiu um carro próximo ao Anexo IV, da Câmara dos Deputados.
O homem foi identificado como Francisco Wanderley Luiz, e era conhecido como Tiü França. Ele foi candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL) em Santa Catarina, em 2020, mas não levou o pleito.
O atentado gerou uma onda de temor nos Poderes, tanto que a Câmara dos Deputados e o Supremo Tribunal Federal (STF) suspenderam os trabalhos desta quinta-feira (14) até 12h.
Mesmo assim, o trabalho com a proposta de cortes de gastos continua com a equipe econômica. Os integrantes do esforço reconhecem que o atentado é delicado, mas o trâmite da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e projeto de lei complementar não deve ser afetado pelo ocorrido.
Já estava no radar da equipe econômica que a semana seria mais curta, tendo em vista o feriado da Proclamação da República, em 15 de novembro, e o encontro de líderes mundiais do G20, que ocorre no Rio de Janeiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai embarcar nesta quinta e só retorna a Brasília na próxima terça-feira (19). Na quarta (20), o mandatário tem um encontro com o líder chinês Xi Jinping.
Portanto, com a agenda cheia, já era esperado que o envio da proposta ficasse só para a semana que vem. Nesta quarta (13), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que não havia “tempo hábil” para fazer os anúncios nesta semana.
Mesmo assim, o ministro afirmou que o pacote é “expressivo” e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) sinalizou que fará “todo o esforço necessário” para aprovar o pacote de corte de gastos ainda em 2024.
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A equipe econômica encerra a terceira semana de discussões seguidas sobre o pacote de gastos. Os ministros passaram os últimos dias tentando convencer os líderes das pastas com maior volume no orçamento da necessidade de conter as despesas no arcabouço fiscal.
Os chefes da Previdência, Desenvolvimento Social, Saúde, Educação e Trabalho foram convocados mais de uma vez para debaterem as propostas, e demonstraram o descontentamento com os números apresentados.
Por fim, nesta quarta, o Ministério da Defesa também foi oficialmente incluído na tesourada – a pasta tem o quinto maior orçamento da Esplanada.
Há ainda a queda-de-braço dentro do próprio Partido dos Trabalhadores. Nos últimos dias, além da presidente da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PR), ser contra o ajuste em áreas sociais, houve também a divulgação de um manifesto rejeitando a proposta que foi assinada pelo PT e aliados.