O Rio Grande do Sul deve registrar uma possível redução de área plantada de arroz, alertou a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz), em coletiva de imprensa nesta terça-feira (10/12). A diminuição da área deve ocorrer devido ao excesso de chuvas neste final de ano e da falta de ajuda aos pequenos produtores da região central do Estado. Segundo a entidade, 31% da área ainda não foi plantada naquela região.
Alexandre Velho, presidente da Federarroz, afirmou que o reflexo das enchentes, após dois anos de seca, será visto na colheita, inclusive da soja, pelos produtores que trabalham com as duas culturas. “É preciso manter altas produtividades, e tenho indicativos claros de que, nesta safra, possivelmente teremos aumentos no custo de produção em função da recuperação estrutural das propriedades, com canais de irrigação, sistema de drenagem e estruturas de armazenamento”, explicou.
O presidente ressaltou que, na região central do Rio Grande do Sul, os produtores precisam recuperar o solo, onde houve muita erosão. Ele chamou a atenção para o fato de que esses agricultores não foram atendidos pelos programas de ajuda governamental aos atingidos pelas chuvas do Estado no outono deste ano, principalmente entre os meses de abril e maio. “Os valores não chegaram na ponta”, justificou.
Redução
Em relação aos fatores que podem interferir na área plantada, a pouca luminosidade em razão das chuvas, principalmente neste fim de ano, foi apontada pela Federarroz. Alexandre também ressaltou o risco de baixa produtividade em relação ao esperado. A entidade repercutiu os números anunciados pelo Instituto Riograndense de Arroz (Irga), que contabilizou, até 5 de dezembro, que faltam plantar 5% do total previsto para o Estado, sendo que na região Central ainda faltam 40 mil hectares (31%).
“Isso mostra que os problemas não foram resolvidos e o indicativo é de que não se confirme os 948 mil hectares de lavoura plantada, conforme anunciado pelo Irga. Além disso, temos uma lavoura muito complicada no que diz respeito ao manejo de plantas invasoras, aplicação de ureia e posteriormente a irrigação, pois as chuvas têm atrasado muito o trabalho”, complementou.
Preços
A Federarroz também se posicionou quanto aos preços praticados no mercado. De acordo com o presidente, o governo fez um movimento desnecessário em lançar contratos de opção com sinalização muito baixa de preço, “o que traz uma expectativa de preços abaixo do custo de produção”. Hoje, o custo do arroz irrigado varia entre R$ 90,00 e R$ 100,00 a saca, conforme as regiões.
“Em plena entressafra, o primeiro leilão já mostrou um resultado de 4% vendido, o que realmente mostra a falta de interesse e, pior, talvez esse indicativo de preço possa trazer, inclusive, um desestímulo ao setor, que vem recuperando uma área que foi perdida”, disse. E acrescentou: “nós já plantamos mais de 1,1 milhão de hectares no Rio Grande do Sul e chegamos a 840 mil há dois anos. Essa leve recuperação, com este movimento de preços baixos e falta de rentabilidade do setor, pode novamente trazer um desestímulo a toda a cadeia do arroz”.
O dirigente comentou que o preço sugerido pelo governo fica para agosto de 2025 em torno de R$ 87,00. Porém, com a antecipação para março, o preço fica próximo a R$ 80,00, valor que não paga o custo de produção.