Os resultados financeiros do segundo trimestre da Boa Safra, divulgados na quinta-feira (7/8), ficaram “abaixo das estimativas” do Citi, segundo relatório divulgado pelo banco, mas com avanços operacionais.
A receita líquida da companhia alcançou R$ 125 milhões no período, enquanto o banco esperava R$ 155 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$10 milhões, aquém da projeção de R$ 26 milhões, e o lucro líquido ajustado totalizou R$6 milhões, também abaixo da expectativa de R$ 9 milhões.
No entanto, o Citi destaca que a produção superou pela primeira vez a marca de 280 mil big bags de sementes, acima dos 205 mil alcançados no segundo trimestre de 2024. O Citi destacou que a empresa “superou sua capacidade instalada”, considerando o crescimento na produção.
Outro ponto positivo ressaltado pelo banco foi a carteira de pedidos, que somou R$1,7 bilhão. Segundo o relatório, há uma base de clientes diversificada e inclusão de outras culturas agrícolas, que representaram R$ 50 milhões em pedidos no trimestre.
A análise do Citi indicou que o risco de crédito “parece sob controle”, com provisões para perdas por inadimplência no valor de R$ 12 milhões, o equivalente a 2% da carteira de contas a receber.
Em relação à estrutura de capital, o banco apontou que a gestão de passivos da Boa Safra permanece saudável, com 90% da dívida no longo prazo. Por outro lado, observou-se aumento na alavancagem, mas que o banco espera que diminua com o potencial aumento do Ebitda nos próximos trimestres. As despesas de capital no primeiro semestre de 2025 foram de R$ 12 milhões, patamar que deve seguir mais baixo na comparação anual.
Na estratégia de diversificação de receitas, 12% do faturamento da empresa veio de novas fontes no trimestre, acima dos 7% registrados no mesmo período de 2024.
Apesar dos resultados financeiros abaixo do esperado, o Citi ponderou que o segundo trimestre não é um período relevante em termos de desempenho. Os analistas Gabriel Barra e Pedro Gama afirmam que “a indicação de um backlog mais robusto pode ser um sinal positivo para o segundo semestre, em termos de volume”. No entanto, avaliam que “as condições de mercado continuam difíceis, e as margens podem enfrentar desafios para se recuperarem nesta safra”.
Entre os riscos destacados pelo banco estão a concorrência crescente, em função das baixas barreiras de entrada e altas taxas de retorno; a manutenção das parcerias com fornecedores de genética e produtores integrados; eventuais mudanças no regime tributário e riscos associados a aquisições e integração.
O Citi manteve recomendação de compra para a Boa Safra, com preço-alvo em 12 meses fixado em R$ 13,50, o que representa um retorno potencial de 32%, considerando valorização esperada de 27,6% e rendimento de dividendos projetado de 4,4%. O valor de mercado da empresa foi estimado em R$ 1,432 bilhão.
Banco do Brasil
O Banco do Brasil avaliou como “ligeiramente positivo” o resultado do segundo trimestre da Boa Safra, destacando a recuperação de receita na comparação anual. Segundo a análise, o desempenho foi impulsionado principalmente pela maior diluição dos custos fixos. No entanto, a melhora ainda não foi acompanhada por avanço nas margens Ebitda e líquida da companhia.
As ações da empresa acumularam queda de 7,8% nos últimos 30 dias até 7 de agosto, refletindo a expectativa de um resultado mais forte, especialmente em relação à recuperação das margens operacionais, que não ocorreu no ritmo esperado.
Para o segundo semestre, o Banco do Brasil projeta um cenário mais favorável. O banco avalia que a companhia alcançou uma produção de sementes compatível com sua nova capacidade produtiva, o que pode resultar em margens operacionais mais robustas nos próximos trimestres.
Diante desse cenário, a instituição financeira manteve sua recomendação de compra para os papéis da Boa Safra, com preço-alvo de R$ 16,20 para o final de 2025.