A recente ameaça tarifária de Donald Trump contra o Brasil tem gerado preocupações no cenário comercial internacional. Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), ofereceu sua análise sobre a situação durante uma entrevista ao programa WW desta quinta-feira (10).
Azevêdo enfatizou a importância de manter a calma diante das pressões. “Acho que o ponto principal, em qualquer mecanismo de negociação, é manter a cabeça fria. Você não pode se deixar levar pela emoção”, afirmou o especialista.
Estratégia de pressão dos EUA
O ex-diretor da OMC contextualizou a situação, explicando que as ameaças dos Estados Unidos não se limitam ao Brasil. “À medida que nos aproximamos do final de julho, quando encerra o prazo para a finalização das negociações, os Estados Unidos começaram a ameaçar outros países com cartas parecidas, ameaçando tarifas adicionais”, observou Azevêdo.
Ele destacou que países como Japão e Coreia do Sul também receberam ameaças semelhantes. As reações, segundo Azevêdo, variaram desde indignação profunda até interpretações de que se trata de uma tática de Trump para pressionar nas últimas semanas de negociação.
Pedidos heterodoxos nas negociações
Azevêdo chamou a atenção para a natureza incomum dos pedidos americanos nas negociações. “Os pedidos americanos são muito heterodoxos, para dizer o mínimo, com relação a negociações comerciais”, explicou. Ele citou exemplos como pedidos de aumento de despesas em defesa, que não têm relação direta com comércio.
Apesar do tom desrespeitoso da carta enviada ao governo brasileiro, Azevêdo aconselhou manter a racionalidade. “Nós nos sentimos ofendidos pela carta do presidente, a maneira como ele trata e se endereça ao governo brasileiro não é nada respeitosa, mas a cabeça fria tem que prevalecer nesse momento”, concluiu o especialista.