A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou, nesta segunda-feira (15), a inclusão de dois medicamentos para o tratamento de lúpus no Rol de Procedimentos em Eventos em Saúde, tornando obrigatória a cobertura desses tratamentos para os beneficiários de planos de saúde a partir de 3 de novembro.
Os medicamentos que passarão a ser cobertos pelos planos são:
- Anifrolumabe
- E Belimumabe
- ➡️ Ambos são indicados para o tratamento do lúpus eritematoso sistêmico para pacientes adultos que apresentam frequentes episódios da doença, com alta incidência de sintomas, apesar do uso da terapia padrão, segundo o Ministério da Saúde.
Em 2024, contudo, a ANS já havia incorporado às coberturas obrigatórias o belimumabe, mas para tratar pacientes com nefrite lúpica, uma complicação renal decorrente do lúpus.
A área técnica da agência estimou que cerca de 2 mil pessoas que têm plano de saúde serão beneficiadas com os tratamentos que serão incorporados.
O lúpus é uma doença inflamatória crônica, de origem autoimune (quando o sistema imunológico ataca o próprio organismo), que pode ter um diagnóstico demorado. Os quadros de inflamação podem danificar tecidos e órgãos, como pele, mucosas, pulmões, articulações e rins.
O conjunto das alterações ambientais, com fatores genéticos e hormonais, desequilibram o organismo, que passa a apresentar alterações imunológicas. A principal é a produção desregulada de anticorpos que reagem com proteínas do próprio organismo.
O diretor-presidente da ANS, Wadih Damous, afirma que essas inclusões são muito significativas, pois o lúpus é uma doença complexa, que não tem cura:
“Se temos no país opções de medicamentos que possibilitam o controle da doença e que garantem uma boa qualidade de vida para o paciente, isso precisa estar disponível para o consumidor”, destaca Damous.
O lúpus eritematoso sistêmico no Brasil
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o número de pessoas com lúpus eritematoso sistêmico no país varia entre 150 mil e 300 mil pessoas. Mas os dados sobre a prevalência da doença no país não são exatos e há uma carência de estudos epidemiológicos para entender o real impacto da doença na população brasileira.
A doença afeta, principalmente, mulheres jovens, entre os 20 e os 45 anos. Apesar de o lúpus poder se manifestar em qualquer idade, é menos comum em crianças e idosos.
A manifestação e a gravidade dos sintomas podem variar entre os sexos.
- Homens com lúpus tendem a apresentar maior incidência de problemas renais.
- Incidência da doença também é maior em negros do que em brancos, tanto no Brasil quanto em outros países.
As causas do lúpus
Não existe uma causa estabelecida e não existem maneiras conhecidas de impedir o aparecimento da doença. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, sabe-se que fatores genéticos, hormonais e ambientais contribuem para seu desenvolvimento.
Tipos de lúpus
O lúpus tem dois tipos:
- cutâneo (manchas na pele)
- e sistêmico (atinge um ou mais órgãos).
Sintomas do lúpus e sinais de alerta
Os sintomas podem variar, mas é comum que o paciente apresente cansaço, febre baixa, emagrecimento e perda de apetite. Também pode haver inchaço dos gânglios.
A doença provoca uma inflamação nos vasos sanguíneos, e como eles estão por toda parte do corpo, pode disseminar para qualquer lugar do organismo, tendo consequências mais sérias quando atinge os rins e o sistema neurológico.
Confira sinais de alerta:
- dor articular
- cansaço desproporcional e sem explicação
- manchas na pele
- queda de cabelo (porque o folículo fica inflamado)
- dor para respirar, parece uma dor muscular, mas não vai embora
- febre
Esses sintomas não precisam se manifestar ao mesmo tempo. Outros sintomas são: emagrecimento, anemia, perda de apetite, desânimo e fraqueza.
Também podem ocorrer mudanças no corpo:
- Lesões na pele (80% dos casos): a mais característica é a ‘borboleta’
- Dores com ou sem inchaço nas articulações das mãos, punhos, joelhos e pés
- Inflamação das membranas que recobrem o pulmão e coração (pode não ter sintoma ou apresentar dor no peito, tosse seca e falta de ar)
- Inflamação nos rins (nefrite)
Diagnóstico
Não existe um único exame que confirme a doença, o que torna o diagnóstico do lúpus eritematoso sistêmico complexo.
A identificação do problema é feita com base na análise de uma combinação de fatores, incluindo:
- sintomas clínicos
- histórico médico
- exames laboratoriais.
Geralmente, são 18 meses entre o aparecimento do primeiro sintoma e diagnóstico de lúpus.
O lúpus é uma doença grave?
O lúpus grave ou agudo atinge menos de 20% dos portadores da doença. Mais de 90% dos pacientes que tratam o lúpus e levam as orientações médicas a sério respondem bem ao tratamento e quase não sofrem com os sintomas da doença.
O tempo médio de tratamento é de cinco anos e há casos de pessoas que, depois de tratadas, não voltam a manifestar a doença.
Tratamento
O tratamento depende do tipo de manifestação da doença. O tratamento inclui remédios para regular as alterações imunológicas e medicamentos para tratar outras alterações decorrentes da doença, como hipertensão, febre, dor, entre outras.
Para tratar as alterações imunológicas, são usados medicamentos como corticóides, antimaláricos e imunossupressores. Outros sintomas podem ser tratados com analgésicos ou anti-inflamatórios. Os pacientes devem evitar exposição ao sol, que pode desencadear uma reação imunológica nos pacientes.
Cuidados básicos
A doença não tem cura, mas pode ser controlada com remédios e alguns cuidados básicos, como:
- protetor solar;
- alimentação saudável e equilibrada;
- evitar condições que provoquem estresse;
- medidas de higiene;
- suspensão do uso de anticoncepcional com estrogênio;
- não fumar e não abusar do álcool;
- praticar atividade física.