Há décadas, pesquisas mostram que o exercício físico pode ajudar a aliviar os tremores característicos da Doença de Parkinson. No entanto, pesquisadores ainda não conseguiram explicar como isso acontece. Agora, um novo estudo reforça que andar de bicicleta pode ser útil para reduzir os sintomas da doença e sugere que a prática pode reconectar conexões neurais danificadas pela condição.
O trabalho foi publicado na edição de junho da revista Clinical Neurophysiology e foi conduzido em hospitais universitários e no VA Northeast Ohio Healthcare System, em Ohio, nos Estados Unidos. A pesquisa utilizou dispositivos de estimulação cerebral para avaliar os efeitos do exercício físico de longo prazo em pacientes com Parkinson.
Para isso, os participantes do estudo, que estavam diagnosticados com a doença, foram submetidos a 12 sessões dinâmicas de ciclismo ao longo de um período de quatro semanas. Todos eles estavam com dispositivos de estimulação cerebral (DBS) implantados para tratar os sintomas motores do Parkinson, e os pesquisadores mediram os sinais cerebrais na região onde os eletrodos estavam colocados.
Outro aspecto crucial do estudo foi o regime de ciclismo adaptativo utilizado pelos pesquisadores. Essa tecnologia permite que a bicicleta aprenda o desempenho dos pacientes enquanto pedalam.
Por exemplo, ao visualizar a tela do jogo conectado, os ciclistas são instruídos a pedalar até 80 rpm e manter essa velocidade por cerca de 30 minutos. Enquanto isso, a intensidade da pedalada é exibida por um balão na tela, e os ciclistas devem manter o balão no ar sobre a água, mas dentro de parâmetros específicos na tela.
No entanto, a qualidade adaptativa da bicicleta mantém os ciclistas em dúvida sobre a quantidade de esforço a ser aplicada. O motor da bicicleta auxilia a atingir 80 rpm, mas também adiciona e reduz a resistência dependendo do nível de esforço do ciclista. Pesquisadores acreditam que esse mecanismo de empurrar e puxar é particularmente benéfico no tratamento dos sintomas do Parkinson.
O que o estudo descobriu?
Os sinais cerebrais dos participantes foram medidos antes e após cada sessão de exercício. “Nosso objetivo era entender os efeitos imediatos e de longo prazo do exercício na região do cérebro onde os eletrodos são implantados, que também é a mesma área onde a patologia de Parkinson é evidente”, afirma.
Os pesquisadores não observaram mudanças imediatas nos sinais cerebrais, mas após 12 sessões, eles viram uma mudança mensurável nos sinais cerebrais responsáveis pelo controle motor e movimento.
Para Prajakta Joshi, autor principal do estudo, embora os sistemas modernos de estimulação cerebral profunda ofereçam uma nova janela para a atividade cerebral, eles se limitam a captar sinais apenas das regiões onde os eletrodos são implementados. Consequentemente, outras áreas do cérebro que também podem contribuir para os padrões observados podem permanecer sem monitoramento.
“Pode haver um circuito mais amplo envolvido. Diversas vias a montante e a jusante podem ser influenciadas pelo exercício, e é possível que estejamos induzindo uma mudança em nível de rede que impulsiona a melhora dos sintomas motores”, afirma Joshi em comunicado à imprensa.
Por isso, mais estudos são necessários e podem ajudar a encontrar respostas. “A boa notícia é que nossas próximas investigações podem nos aproximar de tratamentos revolucionários e personalizados para a doença de Parkinson”, finaliza.