A eliminação precoce do Corinthians na Conmebol Libertadores é daquelas que o torcedor leva tempo para digerir. A atmosfera na arena, o fato do time ter jogado com um a mais por 35 minutos, as chances criadas e desperdiçadas… A Fiel teve motivos para confiar numa remontada épica, que esteve próxima, mas não aconteceu.
Porém, daqui a três dias a equipe inicia uma disputa de título contra o seu maior rival e tem de virar rápido a página da queda para o Barcelona-EQU. Mas, antes disso, precisa entender os alertas deixados no mata-mata da Libertadores e tirar lições de seus erros e acertos.
O mais urgente – e até óbvio – é entender que decisões desse tipo se jogam em 180 minutos. Tanto contra a UCV, quanto diante do Barcelona-EQU, o Corinthians encarou as partidas de volta totalmente condicionadas pelo mau desempenho no duelo de ida.
Nesse contexto, mais uma vez o que se viu foi um time ansioso, apressando jogadas e, assim, aumentando o índice de erros técnicos e de decisão.
A estratégia do Barcelona-EQU era clara: gastar o tempo (com conivência da arbitragem), enervar o Corinthians e criar uma barreira na entrada da área, impedindo as tabelas pelo centro e os chutes de fora da área.
Os donos da casa demoraram a conseguir furar esse ferrolho. Quando conseguiram, foi com inversões de lado rápidas e cruzamentos. Muitos cruzamentos.
O Corinthians levantou a bola na área do Barcelona-EQU nada menos do que 44 vezes. E aí entra um outro ponto de alerta. Os cruzamentos podem ser uma alternativa contra defesas fechadas, mas não o único. Faltaram recursos à equipe para abrir espaços na defesa adversária.
Ramón percebeu as dificuldades e decidiu mexer cedo. Aos 30 do primeiro tempo, sacou Raniele e colocou Romero. Com a mudança, o Corinthians deixou o 4-4-2 e foi para o 4-3-3, com Carrillo mais centralizado, cuidando da saída de bola.
Dessa forma, alargou a defesa adversária e preencheu mais a área, mas perdeu circulação de bola por dentro.
O gol demorou a sair, mas veio a tempo de renovar as esperanças alvinegras antes do intervalo. Só não diminuiu a afobação da equipe, que seguiu abusando dos erros.
Nem mesmo a expulsão de Leonai, aos 16 da etapa final, foi suficiente para destravar o ataque alvinegro. O Corinthians sentiu falta de alguns de seus astros, um outro alerta às vésperas das finais do Paulistão.
Garro, que era dúvida para a partida por dores no joelho, esteve abaixo de seu melhor nível, mesmo tendo participado dos gols. O camisa 8 é fundamental para a engrenagem alvinegra e preocupa por sua condição física neste momento decisivo.
Com Memphis Depay a decepção é ainda maior, uma vez que não se tem conhecimento de nenhum problema que atrapalhe o rendimento do holandês. E nos dois jogos contra o Barcelona-EQU ele esteve apagadíssimo.
Há ainda outros sinais amarelos, mas que já não são novidades. A falta de opções ofensivas no banco, o baixo nível técnico dos laterais… Questões que só poderão ser resolvidas mais à frente, após as finais do Paulistão.
Apesar da frustração e dos impactos negativos provocados pela eliminação, não há terra arrasada no Corinthians. Este ainda é um time com um ataque potente, talentos individuais decisivos e uma força enorme em casa – está invicto há oito meses em Itaquera. Resta saber como o time irá lidar com essa frustração às vésperas do Dérbi.