A alta dos alimentos é preocupação óbvia da população e do governo – que criou uma série de medidas para tentar conter a inflação – mas não só deles. O varejo tem enfrentado uma ruptura nos itens que mais subiram: café, ovos, açúcar e azeite.
Ruptura é um indicador que mostra a porcentagem de produtos em falta em relação ao total de itens de uma loja considerando o catálogo total. Por exemplo: se um varejo vende dez marcas de água mineral de 500 ml e uma delas está sem estoque, a ruptura desse produto é de 10%. Calculado com base no mix de cada loja, o índice não considera o histórico de vendas e independe da demanda.
Ruptura das categorias que se destacaram em janeiro de 2025:
- Ovos: de 16,7% para 19,7%;
- Café: de 9% para 11,1%;
- Açúcar: de 8,9% para 10%;
- Azeite: de 6,6% para 7,6%.
O Índice de Ruptura da Neogrid, empresa de tecnologia e inteligência de dados, registrou aumento em janeiro e a ruptura geral chegou a 13,7% – variação de 0,9 ponto percentual em relação a dezembro do ano passado. Esse é o primeiro resultado superior a 13% desde agosto de 2024, após meses de estabilidade do índice na faixa dos 12%.
Um dos destaques em aumento de ruptura em janeiro é o café, que subiu 2,1 pontos percentuais ante o mês anterior, devido a um aumento de preço de 66% nos últimos 12 meses.
“O aumento ocorre em um momento em que o varejo já começa a sentir os impactos da desaceleração no consumo no país”, afirma Robson Munhoz, diretor de relações corporativas da Neogrid.
“Com o preço dos alimentos elevado e o poder de compra do brasileiro mais pressionado, a reposição de estoques fica mais lenta e resulta na falta de alguns tipos de produtos e marcas nas prateleiras, agravando ainda mais o cenário.”
Café
A ruptura de algumas marcas e tipos de café cresceu 2,1 pontos percentuais, para 11,1% em janeiro. O preço médio do café em pó subiu 7% entre dezembro e janeiro, passando de R$ 21,94 para R$ 23,48 o quilo, enquanto o café em grãos teve uma redução, caindo de R$ 50,14 para R$ 44,47.
A alta nos preços está ligada ao tempo seco, que prejudicou a florada e, consequentemente, a produção de 2025/26. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as chuvas recentes nas regiões produtoras podem melhorar as condições, embora o calor excessivo possa comprometer a qualidade do grão.
Ovos
A indisponibilidade dos ovos aumentou 3 pontos percentuais e passou de 16,7% em dezembro de 2024 para 19,7% em janeiro de 2025. Entre esses meses, os preços dos ovos brancos tiveram um leve reajuste, subindo de R$ 11,06 para R$ 11,25. Já os tipos caipira e de codorna registraram queda, segundo a Neogrid, passando de R$ 13,43 para R$ 15,05 e de R$ 9,22 para R$ 8,26, respectivamente.
Açúcar
A falta do açúcar subiu 1,1 ponto percentual em janeiro, chegando a 10% e retomando ao nível de agosto de 2024 depois de um período de estabilidade entre setembro e dezembro. Em relação aos preços, o açúcar cristal subiu em média 2,9%, passando de R$ 9,40 para R$ 9,68. O mascavo também teve alta, saindo de R$ 15,09 para R$ 15,34, ao passo que o refinado se manteve estável em R$ 5,85.
Azeite
Após meses de equilíbrio e tendência de queda monitorada desde julho de 2024, a ruptura do azeite voltou a subir em janeiro 1 ponto percentual e alcançou 7,6%. Apesar do aumento, o cenário é mais favorável que o do início do ano passado, quando o índice do produto era de 17,5%. Nos preços, o azeite de oliva virgem teve uma leve redução, de R$ 48,14 para R$ 47,91, enquanto o extra virgem subiu de R$ 49,44 para R$ 50,18.