A recente disparada nos preços internacionais dos fertilizantes, sem reação correspondente nas cotações das commodities agrícolas, voltou a pressionar as margens dos produtores rurais brasileiros. Segundo relatório mensal da consultoria agronegócios do Itaú BBA, a relação de troca — indicador que mede quantas sacas de grãos são necessárias para comprar uma tonelada de fertilizante — atingiu níveis próximos aos observados durante o auge da crise provocada pela guerra na Ucrânia, em 2022.
Entre os principais macronutrientes, os potássicos seguem em trajetória de alta. O preço do cloreto de potássio subiu 5,2% em abril e mais 2,8% na primeira quinzena de maio, alcançando US$ 365 por tonelada — alta acumulada de 24% no ano, informou o banco nesta sexta-feira (13/6).
Os fosfatados também encareceram: o MAP (fosfato monoamônico), utilizado para fornecer nitrogênio e fósforo no início do desenvolvimento das lavouras, subiu 6,9% em abril e mais 2,5% nos primeiros dias de maio, sendo negociado a US$ 717,50 por tonelada.
No caso dos nitrogenados, o movimento foi mais volátil. A ureia teve aumento de 9% em abril no porto, mas registrou recuo de 1,9% em meados de maio. “De modo geral, o cenário atual é de demanda forte e oferta controlada, o que mantém os preços elevados e pressiona as margens dos produtores”, afirma, em nota, Lucas Brunetti, analista do Itaú BBA.
“A oferta adicional da China poderia aliviar a situação, mas não se espera uma queda significativa nos valores praticados atualmente”, acrescenta. O país asiático, que restringiu as exportações para priorizar o abastecimento doméstico, sinaliza agora um possível retorno ao mercado internacional com excedentes de fertilizantes nitrogenados e fosfatados, após o pico da demanda interna no pré-plantio.