O vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu nesta quinta-feira (10) com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. O encontro, que não constava nas agendas oficiais, teve como objetivo discutir a resposta do governo brasileiro à tarifa de 50% imposta a produtos nacionais pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
As repercussões estão a todo vapor. Também hoje cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a medida não possui “racionalidade econômica” e classificou a decisão como política. Segundo ele, o governo avalia possíveis medidas técnicas e jurídicas, além de reações diplomáticas, com base na Lei de Reciprocidade Econômica.
A lei mencionada por Haddad foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em abril e prevê retaliações tarifárias a países que adotem sanções comerciais unilaterais contra o Brasil. A norma foi aprovada com apoio expressivo no Congresso, unindo governistas e parte da oposição, incluindo bancadas historicamente alinhadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O texto foi relatado no Senado por Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura no governo Bolsonaro, integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária e membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. A aprovação do projeto marcou uma rara convergência entre o PT e o agronegócio em torno da defesa do setor produtivo nacional.
Nos bastidores do Congresso, parlamentares governistas acusam aliados de Bolsonaro de articulação política internacional que teria incentivado a decisão de Trump. Já oposicionistas responsabilizam a postura do governo brasileiro em relação ao BRICS e ao Sul Global pelas tensões comerciais com os EUA. O clima de polarização se intensificou, com trocas de acusações nas redes sociais e no plenário da Câmara, que registrou tumultos nos últimos dias.