A economia dos Estados Unidos enfrenta cenário desafiador, com a persistência da inflação acima da meta e crescimento econômico em desaceleração. Essa combinação levanta preocupações significativas sobre o custo de vida para os cidadãos americanos e a estabilidade das cadeias de suprimentos globais. O alerta é do diretor-gerente e economista-chefe do IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), Marcello Estevão, durante participação no programa ‘WW Especial’, da CNN.
De acordo com Estevão, o impacto mais direto recai sobre o bolso dos consumidores. “No fundo, o que está acontecendo é que a vida está ficando mais cara para os residentes americanos.”
Ele aponta que o PCE (Índice de Preços para Despesas de Consumo Pessoal), principal indicador de inflação do Fed (Federal Reserve) — o banco central dos Estados Unidos — mostra uma inflação de 2,7% ao ano, superando a meta estabelecida pelo Fed.Play Video
Ex-diretor do Banco Mundial e com passagens pelo Fed e FMI (Fundo Monetário Internacional), Marcello Estevão indica uma ligação entre políticas comerciais e o aumento dos custos. “Uma análise mais aprofundada revela que se você for olhar os detalhes da inflação, você vê um aumento de preço de produtos que são afetados pelas tarifas”, destaca.
No que tange ao crescimento econômico, os números recentes acendem um sinal de alerta. Embora o crescimento em 2024 tenha sido de 3%, o cenário mais recente mostra uma desaceleração.
“O crescimento médio americano no semestre passado foi 1,25%, que é um crescimento baixo”, explica Estevão, que também foi secretário para Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.
Essa tendência não se restringe apenas aos Estados Unidos. Estevão prevê que “o mundo vai crescer menos, inclusive os Estados Unidos”, sinalizando uma desaceleração econômica global.
Além disso, espera-se que surjam mais complicações nas cadeias de suprimentos internacionais, o que pode levar a futuras disrupções e desafios logísticos, impactando o fluxo de bens e serviços globalmente.