Uma pesquisa realizada pela FESA Group indicou que a disputa por profissionais qualificados no agronegócio brasileiro conta com um pilar principal: atração e retenção de profissionais.
A consultoria especializada em Recursos Humanos entrevistou 56 executivos de empresas nacionais e multinacionais de grande porte, com faturamento superior a R$1 bilhão e mais de 500 funcionários. Mais de 90% ocupam posições na diretoria, vice-presidência ou gerência executiva, e 56% das respostas são do Estado de São Paulo.
Para 25% dos respondentes, a atração e retenção de talentos é o principal desafio de recursos humanos no setor e tema central da agenda de RH, à frente de treinamento e capacitação de equipes e de remuneração e competitividade, ambas com 15%.
Para Caroline Badra, vice-presidente e sócia da FESA Group com foco em agronegócio, a retenção de profissionais é visto como a maior dificuldade do setor pela “escassez de talentos”. Segundo a especialista, isso não é um tema novo, e acontece devido à complexidade do agronegócio.
O agro possui uma curva de aprendizado maior se comparar com outros setores. Quem trabalha numa indústria de alimentos, vivencio o ciclo de lançamento de um ‘chips’ em 30 dias. No agro, várias cadeias duram mais de 12 meses”, exemplifica Badra.
Além disso, as localizações remotas das operações agrícolas espalhadas pelo Brasil agravam o desenvolvimento de profissionais, constata a sócia. Para ela, a dificuldade inclui tanto funções administrativas quanto a mão de obra no campo.
Para isso, o setor precisa de líderes que valorizem ciclos mais longos para funcionários nas empresas. “Segurança psicológica e autonomia retêm muito mais que um aumento pontual de salário. As novas gerações vêm com essa expectativa”, analisa a especialista.
Fernando Ladeira, sócio-gestor da FESA Group, corrobora com a tese de que o engajamento é um ativo estratégico para disputar os melhores profissionais do mercado. “As empresas precisam oferecer mais do que pacotes financeiros competitivos. É necessário criar ambientes de desenvolvimento contínuo, capazes de motivar e reter pessoas que façam a diferença no negócio”, afirma.
As expectativas para os próximos anos indicam um RH mais estratégico no setor com “uso ampliado de tecnologia para apoiar decisões”. Badra acredita que o principal dilema das empresas é onde investir seus recursos, e defende que haja um equilíbrio. “Investir em tecnologia muda a eficiência no curto prazo, mas em pessoas dá consistência”.
A especialista também ressalta o uso de inteligência artificial como recurso fundamental. Para Badra, o bom profissional que souber utilizá-la terá lugar garantido, e os que não souberem “vão ficar perdidos”.






