Mercosul e União Europeia assinaram nesta sexta-feira (6) o acordo de livre comércio, após 25 anos do início das negociações.
A apresentação do tratado foi feita durante o último dia da cúpula de líderes do bloco sul-americano, realizada em Montevidéu.
Em entrevista à CNN, o economista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Robson Gonçalves, diz que o acordo Mercosul-UE se torna o terceiro maior mundo sob o ponto de vista econômico.
O novo tratado fica atrás apenas do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (USMCA) — o antigo Nafta — e da Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP), com países da Ásia e Oceania.
A lista foi feita com base no Produto Interno Bruto (PIB) dos países envolvidos, com dados do World Bank Economic.Play Video
- Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA): US$ 26 trilhões
- Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP): US$ 25,8 trilhões
- Mercosul-UE: US$ 21,8 trilhões
“O PIB somado de todos os países da União Europeia é equivalente à ordem de grandeza dos Estados Unidos, e o Brasil sozinho tem o décimo maior PIB mundial”, pontua o economista.
Espaço no comércio internacional
O acordo Mercosul-UE abrirá espaço para que os produtos brasileiros sejam inseridos no mercado exterior com uma concorrência leal e sem protecionista nos fluxos comerciais internacionais, explica o professor.
E, ainda que não se estabeleça um consenso sobre todos os pontos trazidos no acordo em um primeiro momento, os países pertencentes ao bloco terão uma “agenda de discussão continuada”, afirma Gonçalves.
“Lidar com um espaço tão heterogêneo como a União Europeia exige tempo. Muito dos detalhes dos acordos só irão ser conhecidos na prática. Esses acordos, uma vez que são assinados, possuem uma grande promessa que exige um aperfeiçoamento contínuo”, complementa.
Além disso, o professor diz que o tratado se torna estratégico para o país avançar na discussão sobre regulamentação de protocolos importantes das chamadas políticas ESG — diretrizes adotadas por empresas para promover sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e boa governança corporativa.
“É bastante estratégico para o Brasil esse acordo no sentido de promover um aprendizado e aperfeiçoamento da forma como os nossos setores produtivos geram commodities”, explica.
Brics
Os Brics, grupo compostos pelos principais emergentes do globo, foi criado na Assembleia Geral da ONU em 2006, formado originalmente pelo Brasil, Rússia, Índia e China.
A África do Sul passou a fazer parte logo após o lançamento e, recentemente, mais países foram convidados, como Egito, Cuba, Cazaquistão, Vietnã, entre outros.
O principal objetivo dos Brics é alterar o sistema de governança global, servindo como um mecanismo internacional que visa aumentar o crescimento econômico e trazer as nações emergentes para papéis de destaque global.
O grupo também visa introduzir alternativas às instituições, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para o fomento às economias emergentes.
RCEP
Outro bloco comercial relevante é o RCEP (Parceria Econômica Regional Abrangente).
Assinado em novembro de 2020, após oito anos de negociações, o acordo comercial é composto por 10 membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático, juntamente com China, Japão, República da Coreia, Austrália e Nova Zelândia, formando um dos maiores blocos comerciais do mundo.
Segundo o Ministério do Comércio da China, a entrada em vigor completa do RCEP reflete a determinação e ações dos países membros em apoiar um sistema multilateral de comércio aberto, livre, justo, inclusivo e baseado em regras.
Mercosul
O bloco comercial Mercado Comum do Sul, mais conhecido pela sigla Mercosul, foi criado em 1991 com a assinatura do Tratado de Assunção, estabelecendo um “mercado comum” entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
O acordo foi protocolado anos mais tarde, em 1994, em Ouro Preto.
Posteriormente, Bolívia e Venezuela passaram a integrar o bloco. O país comandado por Nicolas Maduro, porém, foi suspenso em 2017.
O principal objetivo do acordo é permite que os países possuam livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos, a partir de políticas comerciais e macroeconômicas que buscam garantir a integração entre os países e o mesmo nível de competitividade nas negociações com países de fora do bloco.
USMCA/Nafta
O Acordo de Livre Comércio da América do Norte (USMCA) foi criado em 2018 e inclui Estados Unidos, México e Canadá. O bloco substitui o Nafta, criado em 1994.
O bloco econômico foca reduzir as barreiras comerciais entre três países, reduzindo taxas e cargas tributárias em suas negociações.
E embora o acordo não englobe uma quantidade grande de países, sua representatividade no que tange ao montante comercializado é bastante significativa.