Capacitar gratuitamente 3 mil pequenos e médios produtores rurais a exportar seus alimentos e bebidas é a nova meta do Programa agroBR, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a Apex-Brasil, que completa cinco anos e meio. Nesta terceira fase, o programa ganha mais um parceiro: o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Na primeira fase, foram atendidos 450 produtores, e na segunda, que terminou em agosto, dos 1,2 mil selecionados, 428 fizeram exportações.
Rodrigo da Matta, coordenador de Promoção Comercial da CNA e gestor do programa, diz que para entrar no agroBr não basta ser produtor, é preciso ser empreendedor.
“Exportar é difícil, mas com as ferramentas do nosso programa o pequeno produtor está entendendo que não é tão difícil assim.”
Ele não precisa encher um navio. Pode exportar apenas um contêiner ou uma caixa.
— Rodrigo da Matta, coordenador de Promoção Comercial da CNA e gestor do programa
O programa, que tem o objetivo de ampliar a participação do agro brasileiro em mercados internacionais, funciona assim: o candidato se inscreve, passa por entrevistas com consultores espalhados pelo país e depois é “sabatinado” pela Agnes, primeira Inteligência Artificial da CNA. Tudo gera uma pontuação que vai definir os selecionados dentro da meta estabelecida.
Se for escolhido, o produtor inicia os cursos de capacitação para entender o mercado alvo, saber formar preços, aprender como fazer as certificações e adequar seus produtos, marcas e material de marketing e como participar de rodadas virtuais e presenciais de negócios e de feiras nacionais e internacionais.
Segundo o coordenador, a IA Agnes, que está estreando nesta terceira fase do programa, também “trabalha” na capacitação do produtor, tirando dúvidas, mandando informações sobre feiras, oferecendo treinamento para as rodadas de negócio e simulação de vendas em diversos idiomas e até fazendo perguntas como se fosse uma compradora internacional.
O agroBR oferece atendimento tanto para produtores iniciantes em exportação, como para quem já está nos níveis intermediário e avançado. Atende prioritariamente produtores de cafés, frutas e derivados, nozes, castanhas, farinhas, azeites, tempero, cacau, chocolates especiais e derivados, mel, própolis e derivados e também produtos da biodiversidade brasileira como açaí e cupuaçu.
O coordenador diz que o programa filtra quem não é dessas culturas, assim como os grandes agricultores e tradings que também tentam se inscrever.
“É um programa focado em geração de negócios que capacita, dá o material, treina storytelling, oferece consultoria individual, faz rodada de negócios, leva o produtor para feiras internacionais, disponibiliza kit de marketing em cinco línguas, ou seja, oferece todas as ferramentas que o produtor precisa para fazer negócios.”
Iniciantes levam dois anos até a primeira exportação
Quem dá os primeiros passos no mercado internacional pode continuar a acessar as ferramentas do programa, mas o foco passa para os iniciantes que demandam mais atenção. Na média, um iniciante demora cerca de dois anos para fazer a primeira exportação, mas o coordenador diz que há casos de empreendedores que fizeram isso com apenas seis meses de capacitação.
Para participar das feiras, é aberto um edital para inscrições. Geralmente, são 25 vagas para produtores do programa viajar e expor seus produtos. Pelo menos 15 recebem subsídio para hospedagens e passagens, de acordo com alguns critérios como participação nas capacitações e renda anual. No início de outubro, o agroBR levou os produtores para a Fruit Attraction em Madri, na Espanha, a maior do setor de frutas do mundo.
Neste ano, o programa também vai trazer 15 compradores internacionais para fazer negócios na Semana Internacional do Café, de 5 a 7 de novembro, em Belo Horizonte, e 10 compradores para a e-Agro, feira de frutas e cacau que acontece em Salvador, de 27 a 29 de novembro.
Nos próximos dias, Globo Rural vai publicar cases de sucesso de produtores inscritos no programa da CNA.