Avisado desde a véspera sobre a mudança de humor da Câmara sobre a MP do IOF, o governo Lula segurou o pagamento de emendas parlamentares entre a última terça (7/10) e quarta-feira (8/10). No total, o Planalto pagou R$ 441 milhões em rubricas dos parlamentares nesses dois dias.
A postura contrastou com a adotada pelo governo em votações importantes. Como mostrou o Metrópoles, o Planalto pagou R$ 1,3 bilhão somente no dia da aprovação do projeto que isenta de pagar Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil.
Na véspera da votação da MP do IOF, quando havia maior esperança de vitória, foram pagos R$ 334 milhões em emendas. Mas na quarta, quando tudo indicava o enterro da Medida Provisória, o montante caiu para R$ 107 milhões.
Segundo interlocutores do governo, diante da iminente derrubada da MP, o Planalto segurou a torneira para “não pagar pela derrota”. E assim deve seguir nos próximos dias, diante de uma esperada guerra de versões nas redes sociais.Play Video
O PT quer reeditar o discurso da primeira batalha do Imposto sobre Operações Financeiras, quando o Congresso derrubou o reajuste. Na ocasião, o governo alardeou à opinião pública que o Congresso aceitava colocar em risco programas sociais para não taxar ricos.
O reajuste do IOF previa uma arrecadação de R$ 20 bilhões ao governo federal. A MP que serviu de alternativa previa a taxação de bets e fundos de investimento hoje isentos, o que poderia render de R$ 17 bilhões a R$ 35 bilhões.
Sem o dinheiro, o PT passou, inclusive, a ameaçar o bloqueio de emendas parlamentares. O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), citou que a derrubada da MP poderia significar um represamento de R$ 10 bilhões em recursos dos congressistas.