O dólar oscila nesta quarta-feira (17), avançando 0,12% às 13h, cotado a R$ 5,3046. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, subia 0,69% aos 145.054 pontos — tocando pela primeira esse patamar, após atingir o recorde de 144.062 pontos ontem.
O principal foco do mercado financeiro hoje são as decisões de política monetária, com os Estados Unidos no centro das atenções, embora o Brasil também esteja no radar. Mesmo que o anúncio oficial só ocorra nesta Superquarta, a expectativa dos investidores já vem influenciando os mercados desde a semana passada, fazendo o dólar cair e impulsionando a bolsa.
▶️ Nos EUA, é esperado uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, o que a colocaria entre 4% e 4,25%.
▶️ Além disso, os investidores estarão atentos ao discurso do presidente do banco central americano, Jerome Powell, e às projeções que ele apresentar — a fim de entender até onde os cortes nas taxas de juros podem ir neste ano e no próximo.
▶️ Por aqui, a expectativa é de que a taxa básica de juros (Selic) seja mantida em 15% ao ano.
▶️ Também por aqui, a FGV divulgou o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) de setembro, que teve alta de 0,21%, após um avanço de 0,16% no mês anterior. O resultado ficou abaixo do esperado pelos economistas, que projetavam um aumento de 0,34%.
- 🔎 O IGP-10 é um indicador que mede a variação dos preços de diferentes produtos e serviços no Brasil. Ele acompanha a inflação desde as matérias-primas agrícolas e industriais usadas na produção até os bens e serviços finais consumidos pela população.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
- Acumulado da semana: -1,04%;
- Acumulado do mês: -2,29%;
- Acumulado do ano: -14,27%.
📈Ibovespa
- Acumulado da semana: +1,31%;
- Acumulado do mês: +1,91%;
- Acumulado do ano: +19,82%.
IGP-10 sobe 0,21% em setembro
O Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) subiu 0,21% em setembro, ante elevação de 0,16% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quarta-feira, com o indicador registrando uma elevação menor do que a expectativa apurada em pesquisa Reuters, de aumento de 0,34%.
O IGP-10 acumula agora alta de 2,88% em 12 meses e queda de 1,06% no ano de 2025, de acordo com a FGV.
A aceleração do IGP-10 em relação a agosto se deveu ao aumento do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-10), ao passo que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-10) registrou queda.
“As principais contribuições positivas vieram de produtos agropecuários, que tendem a antecipar repasses para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC)”, disse o economista do FGV Ibre André Braz.
“O IPC, por sua vez, desacelerou, com influência de alimentos, serviços — como ingressos de cinema e passagens aéreas — e de preços administrados, como a gasolina”, acrescentou.
O IPA-10, que mede a variação dos preços no atacado e responde por 60% do índice geral, subiu 0,27%, ante elevação de 0,06% em agosto, com destaque para o café em grão, que teve alta de 22,37%, mais do que revertendo a queda de 10,40% no mês anterior
Já o IPC-10, que responde por 30% do índice geral, teve queda de 0,13%, revertendo a alta de 0,18% registrada em agosto, com cinco das oito classes de despesas que compõem o índice apresentando recuo em suas taxas de variação, com destaque para Saúde e Cuidados Pessoais — alta de 0,02% em setembro ante elevação de 0,78% em agosto — e Despesas Diversas — queda de 0,14% em setembro, ante alta de 1,30% no mês anterior.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-10), responsável por 10% do índice geral, por sua vez, subiu 0,42% em setembro, ante elevação de 0,82% em agosto.
O IGP-10 calcula os preços ao produtor, consumidor e na construção civil entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência.
Corte de juros nos EUA, manutenção no Brasil
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do banco central dos EUA divulga sua decisão às 15h (de Brasília), que será acompanhada por projeções econômicas da autoridade monetária e seguida pela coletiva à imprensa do chair do Fed, Jerome Powell, às 15h30.
A expectativa é de que o Fed anuncie o primeiro corte de juros do ano, de 0,25 ponto percentual. A taxa atual está em uma faixa de 4,25% a 4,50%. As atenções estão voltadas principalmente para a fala de Powell e para o gráfico de pontos (dot plot) sobre as previsões para os próximos movimentos.
“Todos os olhos estarão voltados para o “dot plot” mais recente, em busca de clareza sobre o quão agressivamente e com que rapidez os dirigentes do Fed pretendem afrouxar a política monetária”, afirmou a analista sênior Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank, em relatório a clientes.
Ela não descarta alguma decepção se Powell enfatizar os riscos inflacionários e se o gráfico de pontos sinalizar menos cortes do que os investidores esperam.
No final do dia, o Banco Central do Brasil ocupa as atenções, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia sua decisão para a Selic, que, conforme previsões no mercado, deve permanecer em 15% ao ano. Assim, o foco também se volta para o comunicado e eventuais sinais sobre os próximos passos.
Fed na mira de Trump
Na segunda-feira (15), o Senado norte-americano aprovou o nome de Stephen Miran, aliado de Donald Trump, para a diretoria Federal Reserve (Fed), o banco central americano. O aval dos parlamentares, após votação apertada (48 a 47), amplia a influência de Trump sobre a instituição.
A decisão encerrou um processo rápido, iniciado em agosto, quando Adriana Kugler renunciou ao cargo no Fed.
A senadora republicana Lisa Murkowski, do Alasca, foi a única a votar contra Miran entre os membros de seu partido. Normalmente, a confirmação de um indicado ao Fed pelo Senado leva meses, mas, no caso do conselheiro econômico de Trump, o processo durou menos de seis semanas.
Após a conclusão da papelada e da posse, Miran ficou apto a participar da reunião de dois dias de política monetária do banco central, que começou já nesta terça-feira (16).
Por outro lado, também na segunda-feira, o Tribunal de Apelações dos EUA para o Circuito do Distrito de Columbia negou o pedido de Donald Trump para afastar Lisa Cook, diretora do Fed.
Este é o mais recente capítulo de uma batalha judicial que ameaça independência do Fed: pela primeira vez desde a criação da instituição, em 1913, um presidente tenta remover um diretor do cargo.
Na prática, a decisão do tribunal permitiu que Cook participasse normalmente da reunião de política monetária do Fed, assim como Miran.
Bolsas globais
Os principais índices de Wall Street abriram o pregão praticamente estáveis nesta quarta-feira, antes de um corte amplamente esperado nas taxas de juros pelo Federal Reserve no final do dia, enquanto a Nvidia caía após notícia de que as empresas chinesas de tecnologia podem parar de comprar seus chips.
O Dow Jones Industrial Average tinha variação positiva de 0,04% na abertura, para 45.778,4 pontos. O S&P 500 recuava 0,03%, para 6.604,87 pontos, enquanto o Nasdaq Composite estava estável, em 22.333,016 pontos.
Na Europa, o clima ainda é de cautela, especialmente após uma queda registrada na sessão anterior, que afetou principalmente os bancos.
Os índices europeus mostram um desempenho misto: o STOXX 600 sobe 0,1%, chegando a 551,58 pontos. Em Londres, o FTSE avança 0,17%; em Frankfurt, o DAX sobe 0,29%; em Paris, o CAC-40 recua 0,07%; em Milão, o FTSE/MIB cai 0,49%; em Madri, o IBEX-35 perde 0,06%; e em Lisboa, o PSI20 tem queda de 0,10%.
Na Ásia, o destaque do dia foi Hong Kong, onde as ações fecharam no maior nível dos últimos quatro anos. O bom desempenho foi puxado por empresas de tecnologia, impulsionadas pela confiança nas inovações em inteligência artificial da China.
Os resultados mostram essa movimentação: em Hong Kong, o índice Hang Seng subiu 1,78%, chegando a 26.908 pontos. Em Xangai, o índice SSEC avançou 0,37%, e o CSI300, que reúne grandes empresas chinesas, teve alta de 0,61%.
Por outro lado, em Tóquio, o Nikkei caiu 0,3%; em Seul, o Kospi recuou 1,05%; em Taiwan, o Taiex perdeu 0,75%; em Cingapura, o Straits Times caiu 0,33%; e em Sydney, o S&P/ASX 200 teve queda de 0,67%.