O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) avalia a criação de um Fundo Garantidor (FG) voltado para pequenos e médios produtores rurais, disse o diretor do banco, Alexandre Abreu, nesta quinta-feira (11/9), durante evento promovido pelo Bradesco BBI, em São Paulo.
“Nós estamos estudando a possibilidade de criar um FG específico para o setor rural. Não é nacional, mas a gente está olhando como é que faz isso. Porque esse mecanismo ele se mostrou muito importante e muito forte. E ele é democrático, todos os bancos têm acesso”.
Abreu observou que pequenos e médios produtores costumam pagar taxas de juros mais altas, atribuídas ao risco de crédito, e menos à Selic (taxa básica de juros). Enquanto grandes produtores operam com juros entre 18% e 20% ao ano, a média para pessoas jurídicas pode chegar a 40% ao ano. “Portanto, alguém está pagando 60%, 70%, 80%. São os pequenos”, afirmou.
Ainda de acordo com Abreu, uma redução na Selic nem sempre tem impacto direto sobre os juros cobrados de pequenos e médios empresários. Ele exemplificou que, mesmo com uma queda expressiva da Selic, as taxas finais poderiam continuar elevadas para esse público.
O atual Fundo Garantidor de Investimentos (FGI) atua como um “fiador” para tomadores de crédito que não dispõem de garantias suficientes, assegurando o pagamento aos credores. Embora o FGI regular esteja disponível para produtores rurais, as condições de pagamento nem sempre se adaptam ao perfil de quem depende da sazonalidade das safras, explicou o analista do Bradesco BBI, Daniel Federle.
O diretor também mencionou que a ampliação do limite de operações do FGI, de R$ 8 bilhões para R$ 80 bilhões, teve amplo impacto na concessão de crédito e contou com rápida adesão. Segundo ele, a maior parte dos tomadores mantém os pagamentos em dia, o que contribui para a sustentabilidade do fundo e a liberação de novos recursos.