Com uma produção estimada em 423 mil toneladas para 2025, volume 43% superior às 296 mil toneladas colhidas em 2024, a cevada tem registrado crescimento expressivo no Paraná. Neste ano, a área cultivada teve aumento de 20%, para 96,9 mil hectares ante os 80,5 mil hectares de 2024.
Os dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, mostram o avanço da cultura da cevada na região. O assunto é um dos destaques do Show Tecnológico Inverno, promovido pela Fundação ABC – instituição de pesquisa mantida pelas cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal – nesta quarta (10/9) e quinta-feira (11/9).
Esta será a 9ª edição do evento, que ocorrerá no Campo Demonstrativo e Experimental da Fundação, em Ponta Grossa (PR). A programação voltada às culturas de inverno reunirá produtores, técnicos e pesquisadores do Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e contará com a participação de 25 empresas parceiras.
Segundo o pesquisador da Fundação ABC, Hélio Joris, o papel da pesquisa na expansão da cevada na região será evidenciado. “A instalação da Maltaria Campos Gerais só foi possível porque existem variedades adaptadas. A história da cevada no Brasil está ligada ao desenvolvimento de variedades que garantem produtividade e qualidade para a produção de malte e cerveja. Vamos mostrar essa evolução, desde as primeiras cultivares até as atuais, e discutir manejo, doenças e nutrição da planta”, comenta.
Também estarão presentes Noemir Antoniazzi, da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa), especialista em melhoramento genético da cevada, Giovanni Kochinski, do setor de Fitopatologia da Fundação ABC, e Gabriel Barth, do setor de Solos e Nutrição de Plantas.
Produtividade
Conforme o Deral, para que o ganho de produção projetado da cevada se concretize é necessário que a produtividade também seja satisfatória. Em 2024, a média foi de 3,7 toneladas por hectare (t/ha), abaixo do esperado devido à seca que afetou especialmente os Campos Gerais. Para 2025, projeta-se produtividade média de 4,4 t/ha, desde que eventos adversos como seca, geadas intensas (especialmente tardias) e excesso de chuvas na colheita não prejudiquem as lavouras.
Boletim do órgão divulgado nesta terça-feira (9/9) aponta que grande parte das áreas de cevada está em floração e frutificação no momento, “estágios que exigem disponibilidade hídrica adequada”, alerta o documento. Em algumas regiões, as primeiras colheitas já se iniciaram, ainda que de forma tímida, enquanto em outras o desenvolvimento segue dentro da normalidade.
Manejo e tecnologia
Em outro espaço, o manejo no campo será destaque no evento da Fundação ABC. A pesquisadora Eliana Borsato, do setor de Herbologia, explica que a associação de herbicidas e inseticidas pode gerar interações que afetam a eficiência dos produtos e até causar fitotoxicidade.
“Quando a gente faz a aplicação de herbicidas e associa junto com inseticidas, pode ter algumas interações e restrições nessas misturas, seja pela composição, seja pela própria formulação. Isso pode gerar fitotoxicidade no campo ou incompatibilidade no tanque”, adverte.
Segundo ela, para algumas misturas, a ordem de adição e a dose dos produtos fazem a diferença. O painel apresentará soluções técnicas para o uso correto de defensivos e a integração de produtos no manejo agrícola de culturas como o trigo.
A aplicação de tecnologias avançadas, como sensores no solo, em animais e em máquinas agrícolas, drones e satélites para impulsionar a produtividade e a sustentabilidade também será abordada.
O pesquisador da área de Agrometeorologia da Fundação ABC, Rodrigo Yoiti Tsukahara, afirma que o uso intensivo de sensores, processamento de dados e integração com informações climáticas e econômicas permite a tomada de decisões cada vez mais precisas. “Nosso objetivo é mostrar na prática como essas tecnologias já estão mudando a rotina das propriedades”, afirma.
O evento tem outros temas na programação e, ainda, a final do Concurso de Silagem de Milho promovido pela instituição. O Show Tecnológico proporciona também, a produtores e técnicos, acesso a resultados de pesquisa aplicada à realidade regional, novidades em insumos e tecnologias de manejo das culturas de inverno. A participação é gratuita e as inscrições estão disponíveis no site oficial: www.showtecnologicoabc.org.