Advogados que atuam no processo do plano de golpe admitiram à CNN que, apesar de extremamente rigoroso, o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no STF (Supremo Tribunal Federal), foi brilhante ao apresentar o seu voto.
Apesar do tom considerado implacável, as defesas reconheceram o preparo técnico e a inteligência do ministro na forma como encadeou o relatório pela condenação do núcleo crucial, intercalando a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e provas apresentadas pela PF (Polícia Federal). Para os defensores, já não há chance de absolvição
Sob reserva, advogados destacaram que Moraes construiu uma narrativa ágil, pensada para facilitar o entendimento da opinião pública em um julgamento considerado histórico.
Com recortes, imagens, mapas e gráficos, o ministro reforçou os argumentos apresentados pelo Ministério Público para pedir a condenação de Bolsonaro e dos demais integrantes do chamado núcleo crucial.
O ministro também dividiu sua manifestação em 13 pontos que narraram, em ordem cronológica, como teria atuado a organização criminosa pelo golpe.
O relator foi considerado duríssimo contra Bolsonaro, apontado como líder de uma organização criminosa.
Para Moraes, o ex-presidente organizou de forma hierarquizada entre julho de 2021 e 8 de janeiro de 2023, data dos ataques às sedes dos Três Poderes.
A principal surpresa do dia, no entanto, veio do ministro Flávio Dino, ainda segundo as defesas.
Segundo a votar, ele abriu divergência em relação ao relator e defendeu uma pena mais branda para os generais Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa), além do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Para ele, o trio deve participação de “menor importância.”
A expectativa é de que a divergência inaugurada por Dino ganhe peso na definição das penas a serem aplicadas pela Primeira Turma do STF.
O julgamento da trama golpista será retomado nesta quarta-feira (10) com voto do ministro Luiz Fux.
Dino também indicou que defenderá que o colaborador Mauro Cid tenha o perdão judicial.
O ministro afirmou que a colaboração do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro “atendeu aos seus objetivos” e adiantou que vai “valorar no grau máximo os benefícios” firmados no acordo.
Em troca de revelar a dinâmica da trama golpista, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro pediu o “perdão judicial ou pena máxima de dois anos”.
“Vou aquilatar posteriormente, no grau máximo possível, os benefícios a ele deferidos, porque considero que a delação atendeu aos seus objetivos de esclarecimento dos fatos e de utilidade para a investigação e para a elucidação de outros elementos”, afirmou o ministro.