No ano passado, o setor do tabaco firmou uma parceria com a Embrapa Clima Temperado, com sede em Pelotas, no Rio Grande do Sul. O projeto Solo Protegido, coordenado pelo pesquisador Adilson Luís Bamberg, visa melhorar os aspectos de conservação de solo das áreas de tabaco, que geralmente são íngremes e merecem mais cuidados para evitar processos de erosão, especialmente com as mudanças climáticas.
“Geralmente, os pequenos produtores não conseguem fazer muita rotação de culturas, ocupando o mesmo solo todos os anos para o plantio. Essa prática é ruim porque o tabaco é uma planta que sofre muito as consequências das doenças do solo e a tendência é ocorrer uma redução de produtividade”, diz Bamberg.
O projeto está na fase inicial de seleção das propriedades que vão ser usadas para o diagnóstico de conservação do solo. Algumas evidências apontam que uma parte dos produtores já adota boas práticas agrícolas, mas outros precisam implantar mudanças para a sustentabilidade das propriedades.
O pesquisador ressalta que um projeto anterior da Embrapa, desenvolvido de 2020 a 2024 com 101 propriedades, mostrou que há uma grande diversidade de cultivos nas propriedades de tabaco, com plantios de subsistência e criação de porcos e galinhas.
Bamberg diz ainda que a atividade no tabaco é mais manual que em outras culturas e um dos desafios é a mecanização. Mesmo assim, ele não acredita que o plantio de tabaco seja uma atividade em extinção.
“A demanda mundial e a remuneração em dólar e euros devem manter o plantio por muitos anos. A cultura que traz o dinheiro para o produtor é a que mantém ele no campo. Sem o tabaco, os produtores, provavelmente, migraram para as cidades.”