A Câmara Municipal de Natal (RN) homenageou em uma sessão solene, nesta segunda-feira (25), a mulher agredida com 60 socos pelo ex-companheiro. Juliana Garcia esteve presente no ato e receber o carinho de parlamentares e demais presentes.
A homenagem transmita nas redes sociais da Câmara da capital potiguar, teve como objetivo exaltar o nome de personalidades que lutam e lutaram em nome do fim da violência contra a mulher.
Em um discurso emocionado na tribuna, uma parlamentar destacou a força de Juliana e ofereceu o apoio da casa legislativa em seu processo de recuperação, transformando a sessão em um ato de solidariedade e reflexão sobre a violência.
Presente no plenário, Juliana foi acolhida pelos presentes e recebeu manifestações de carinho. Durante a homenagem, foram exibidas imagens da jovem, incluindo fotos de sua internação hospitalar, que evidenciaram a gravidade do ocorrido. A presença dela na sessão foi descrita pela vereadora como algo que “diz muito para nós”.
“Brutalidade e selvageria”
Em discurso na tribuna, a parlamentar fez referência direta à violência sofrida pela homenageada. “Ver um vídeo como esse, com a tamanha brutalidade e selvageria com que você foi, faz com que a gente repense muitas coisas”, afirmou a vereadora, visivelmente emocionada. A fala ressaltou o impacto do caso e a necessidade de um debate mais profundo sobre a segurança e a proteção das pessoas.
A vereadora assegurou que Juliana não está sozinha em sua jornada. “Saiba que você tem o Poder Legislativo com as mãos estendidas”, declarou, formalizando o apoio da Câmara de Natal.
Ao final, a parlamentar encorajou Juliana a continuar enfrentando a situação “com muita coragem e muita dignidade” e a transformar sua experiência em uma “bandeira de luta”, inspirando outras pessoas com sua resiliência.
Relembre caso
A empresária de 35 anos, agredida com 61 socos em um elevador, segue em recuperação e se tornou uma voz potente ao declarar: “Não deu certo, eu estou viva”.
A agressão, que completa um mês nesta segunda-feira (25), chocou o país por sua intensidade, sendo registrada por câmeras de segurança. Em apenas 36 segundos, o então namorado, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos, desferiu 61 socos na vítima, deixando-a com quatro ossos do rosto quebrados e ferimentos graves. Juliana descreveu o episódio como um “atentado contra a vida”.
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte indiciou Igor por tentativa de feminicídio, classificando a agressão como uma “atrocidade, selvageria, uma covardia”.
O relacionamento de quase dois anos foi descrito por Juliana como “tóxico e abusivo”, marcado por ciúme excessivo e violências anteriores, incluindo empurrões e agressões psicológicas. Em seu depoimento, Igor alegou ter sofrido um “surto claustrofóbico” e mencionou ter um filho no espectro autista.
O caso é tipificado com tentativa de feminicídio, e será instruído e julgado conforme a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Recentemente, Igor Cabral divulgou uma nota por meio de sua defesa, onde expressa “arrependimento e respeito”. No comunicado, ele pede perdão a Juliana e sua família, afirmando que “encontrará cura” e que “não tem intenção de justificar nada, tampouco minimizar o impacto dos fatos”.