A partir desta sexta-feira, a seleção brasileira feminina de vôlei terá mais um desafio, no Mundial da Tailândia. A estreia será contra a Grécia, às 9h30 (de Brasília), com transmissão do sportv2 e tempo real do ge. Depois da prata na Liga das Nações (VNL) de 2025, as comandadas de José Roberto Guimarães tentarão encerrar um longo período fora do lugar mais alto do pódio – o último ouro em competições globais veio no Grand Prix de 2017. Além disso, buscarão um título inédito, já que a equipe verde e amarela nunca foi campeã mundial.
Para projetar o caminho da seleção, o ge ouviu os comentaristas Nalbert, Fabi Alvim e Paula Pequeno. O trio avaliou as lições deixadas pela VNL, as adversárias do Mundial e as chances de medalha do Brasil.
– O Brasil é um dos favoritos a subir ao pódio. Sendo mais esperançoso, dá para finalmente trazer o título mundial que nunca veio. Vai ser difícil, porque a Itália é o bicho-papão. Mas, em se tratando de jogo único, podemos projetar nossa seleção brigando de igual para igual com qualquer um – disse Nalbert, cujo otimismo ganhou coro de Fabi:
– Vejo a seleção como um time com condições de brigar pelo ouro. Infelizmente, temos a ausência da Ana Cristina, mas é uma equipe muito competitiva. Continuamos respeitados no cenário internacional. Conseguimos trazer novos nomes e subir ao pódio. Tenho certeza de que as meninas estão perseguindo o troféu para celebrar ainda mais essa trajetória.
De fato, mesmo que viva um jejum de grandes conquistas, a equipe brasileira não deixou de frequentar o pódio das principais competições internacionais. De 2017 até agora, faturou duas medalhas olímpicas (prata em Tóquio e bronze em Paris) e foi vice-campeã da Liga das Nações quatro vezes (2019, 2021, 2022 e 2025). Ainda chegou à final da última edição do Mundial, em 2022, quando acabou superada pela Sérvia.
– A seleção está dentro do grupo das melhores do mundo. A cobrança sempre será pesada, e as redes sociais podem atrapalhar um pouco. Uma boa dose de paixão, paciência e inteligência emocional vai fazer com que os títulos venham na hora certa – afirmou Paula Pequeno.
A lista de Zé Roberto
Na segunda-feira (18), a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) divulgou as 14 atletas convocadas para o Mundial da Tailândia. A oposta Jheovana, que treinava com a seleção em Saquarema, foi cortada por opção técnica. A ponteira Ana Cristina, por outro lado, ainda se recupera de lesão sofrida na Liga das Nações.
A ausência de Ana é um ponto de preocupação para José Roberto Guimarães, uma vez que a jogadora se consolidou como principal nome do Brasil no ataque. Sem a ponteira, será preciso distribuir a responsabilidade e caprichar nas viradas de bola, como apontam os comentaristas da Globo.
– Ana vinha sendo decisiva nos momentos de maior pressão, era a referência da equipe. Sem ela, precisamos compensar com volume de jogo e velocidade na definição. Temos uma estrutura bem montada. Espero que, dentro da formação da seleção, a Gabi (ponteira) tenha energia suficiente para segurar o jogo e ser decisiva. É a atleta mais completa do mundo. As centrais Diana e Júlia Kudiess estão em uma curva de crescimento muito grande. Julia Bergmann (ponteira) também aumentou a potência no ataque – avaliou Nalbert.
Com Marcelle assumindo a função de líbero, a grande incógnita da seleção passa a ser a posição de oposta. Rosamaria, Tainara e Kisy apareceram na lista do Mundial e disputam espaço no time.
– Estou curiosa para ver quem será a oposta titular. Talvez tenha sido a posição em que a gente mais oscilou durante a VNL, então quero ver o estilo de jogo adotado – comentou Fabi.
Nalbert analisou as opções de Zé:
– Sempre falamos da questão da derrubadora de bola, que outras seleções têm e nós não. Nossas opostas são boas, mas não rendem como as de outras equipes, e isso é determinante. A Itália tem duas fantásticas (Egonu e Antropova), por exemplo. Em uma situação de normalidade, a experiência prevaleceria, e Rosamaria seria titular do Brasil. A Tainara mostra muita potência, mas precisa variar os golpes, com consistência. Aos poucos, vai evoluir. A Kisy não recebe tantas chances. Porém, é canhota e pode surpreender. O Zé gosta desse fator surpresa.
As adversárias da seleção
Na primeira fase do Mundial, o Brasil enfrentará Grécia, França e Porto Rico, nessa ordem. Apesar da ausência de rivais tradicionais – só as francesas disputaram a Liga das Nações de 2025, por exemplo –, o grupo exigirá uma postura atenta da equipe verde e amarela, como alerta Fabi:
– Eu diria que essas adversárias da primeira fase vão vir com a proposta de forçar o saque, porque sabem do estilo de jogo do Brasil. Com o passe na mão, fica difícil marcar nossa seleção. Precisamos ter cuidado com todas as equipes, especialmente com a França, que deu trabalho na VNL (vitória brasileira por 3 a 2), e o objetivo é passar em primeiro para facilitar o cruzamento.
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Focado na liderança do Grupo C, o Brasil também projeta os desafios seguintes. Caso vá às quartas como primeira colocada de sua chave, a seleção deverá enfrentar China ou República Dominicana, que despontam como as principais equipes do Grupo F. Nas semifinais, a adversária poderá ser a Itália, em confronto difícil.
Atuais campeãs olímpicas e da Liga das Nações, as italianas não perdem há 29 jogos. Passaram pelo Brasil na final da VNL, inclusive, e chegam ao Mundial com status de grandes favoritas ao ouro.
– A Itália vem ganhando tudo. Um pouquinho abaixo, estão: Brasil; Polônia, uma equipe perigosa; Turquia, com uma grande oposta (Vargas) e um bom técnico; a Sérvia, mal na VNL e mais encorpada para o Mundial, com a Boskovic, eleita duas vezes MVP do torneio. As sérvias são bicampeãs, jogam muito bem esse campeonato. O Japão ainda pode incomodar, mas não vejo outros times com potencial de título. Nem os Estados Unidos, que estão formando um novo grupo para as Olimpíadas de Los Angeles – projetou Nalbert.
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Ao todo, 32 equipes estarão no Mundial da Tailândia, divididas em oito grupos. As duas primeiras colocadas de cada chave avançarão às quartas. A final e a disputa pelo terceiro lugar estão marcadas para o dia 7 de setembro.
Em busca do primeiro título, o Brasil já foi vice-campeão do Mundial quatro vezes. Além de 2022, ficou com a medalha de prata em 1994, quando perdeu para Cuba na final, em 2006 e em 2010, caindo para a Rússia nessas duas edições.
Agenda do Brasil na 1ª fase (horários de Brasília)
- Sexta-feira, 22 de agosto: Brasil x Grécia – 9h30
- Domingo, 24 de agosto: Brasil x França – 9h30
- Terça-feira, 26 de agosto: Brasil x Porto Rico – 9h30
Lista de convocadas por Zé Roberto
- Ponteiras:
Gabi
Helena
Julia Bergmann
- Centrais:
Diana
Lorena
Júlia Kudiess
Luzia
- Opostas:
Rosamaria
Kisy
Tainara
- Levantadoras:
Macris
Roberta
- Líberos:
Laís
Marcelle