De coloração preta e lustrosa, crina sedosa e ondulada, pelos longos cobrindo os cascos e porte imponente, o cavalo friesian chama a atenção por onde passa. E não são apenas as características físicas que destacam a raça originária da Holanda frente às outras, como Quarto de Milha, Mangalarga, Mustangue, Brasileiro de Hipismo, Marajoara, etc. O valor é muito alto e aquece o mercado nacional de elite.
Um exemplo recente envolve Gusttavo Lima. O cantor, apaixonado pela raça europeia centenária, é dono do Haras Embaixador, com mais de 50 animais no catálogo, entre adultos, jovens, potros e matrizes reprodutoras, e o objetivo de se tornar “o maior criador da raça na América Latina”.
No início de agosto, o sertanejo vendeu 50% de Oregon, garanhão que proporciona a maioria da genética do haras, por R$ 5 milhões em um luxuoso leilão no Palácio Tangará, em São Paulo, fazendo ele, agora avaliado em 10 milhões, ser o mais cobiçado do Brasil.
Entre as curiosidades do animal, duas se destacam: foi estrela de clipes e séries, como Bom dia, Verônica, da Netflix, e se apresentou em shows do cantor em Belo Horizonte e Goiânia.
Além de Gusttavo Lima, famoso pelos sucessos “Balada”, “Apelido Carinhoso” e “Gatinha Assanhada”, quem também não esconde o encantamento com o friesian é Ana Castela. A cantora de 21 anos possui animais da raça e planeja aumentar a criação.
Quanto custa o cavalo friesian?
No mercado equestre, em evolução e muito valorizado atualmente, segundo Felipe Faria, administrador da nova gestão do Rancho Baloubet Friesian, em Uberaba (MG), os valores não são tão elevados quanto o leiloado por Gusttavo, mas demonstram que a demanda, principalmente por genética de ponta, deve continuar aquecida.
Um potro, por exemplo, custa, em média, de R$ 50 mil a R$ 60 mil, enquanto o cavalo que ainda não foi adestrado pode ser comercializado por até R$ 200 mil.
“Se ele já está treinado e competindo, pode custar entre R$ 400 a R$ 500 ou um pouco mais, mas varia muito, porque, hoje, um garanhão importado para trazer da Holanda para o Brasil fica em torno de R$ 3,5 milhões”
A raça no Brasil e no mundo
Os cavalos originários da Frísia, província no litoral da Holanda, quase foram extintos no século XX durante à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mas ganharam sobrevida quando três animais conseguiram se salvar do período bélico, diz a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo de Hipismo (ABCCH), entidade responsável pelo registro genealógico e o controle de qualidade.
A introdução no Brasil aconteceu há, aproximadamente, 20 anos. Cerca de 20 cavalos, entre garanhões e éguas, foram importados da Europa por André Gang, engenheiro-agrônomo, juiz e treinador internacional, e Rogério Marques da Silva, advogado, empresário e proprietário, na época, do Rancho Baloubet Friesian.
Felipe Faria conta que, no início, a dificuldade foi a adaptação climática da Holanda, com umidade, chuva e invernos bem rigorosos, às condições tropicais do Brasil.
“Aqui, os cavalos que nascem são aclimatados, mas com os que vieram de importação, como os garanhões campeões e éguas campeãs, a gente teve um pouco de dificuldade. Inclusive, perdemos alguns ao tentar fazer a aclimatação. O cavalo que vem da Holanda tem um um pouco mais de dificuldade, diferente daqueles que nascem e são criados aqui”, explica à Globo Rural.
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Como é o cavalo friesian?
A beleza e a elegância são algumas das características mais marcantes da raça, mas não as únicas. Os cavalos se tornam fascinantes pela robustez, a pelagem preta, a inteligência, a docilidade e a imponência. Por isso, são utilizados em competições de adestramento clássico, equitação de lazer e apresentações circenses ou aberturas de exposições e desfiles.
“Como o temperamento deles é muito tranquilo, os potros já nascem sendo dóceis. E, para domar e ensinar no adestramento, é muito mais fácil”.
Os cuidados com o friesian
O cavalo requer cuidados específicos para manter a saúde, o bem-estar e as principais características físicas, como o pelo preto e a crina voluptuosa, longa e sedosa.
“Como é muito grande, precisa lavar com xampu e ainda secar com um secador para ficar bonito, assim como a raça pede”, diz o administrador do Rancho e do Haras Mestre Felipe, focado em adestramento.
O especialista completa que o acompanhamento nutricional e veterinário também é fundamental na criação.
“Como são cavalos um pouco mais melindrosos, tanto os potros quanto os adultos, precisa ter um cuidado especial e dar suplementação, ração de boa qualidade, feno… tudo o que eles precisam. É essa combinação que faz o nome e enaltece a raça”.