O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne na tarde desta quinta-feira (2) com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A pasta não divulgou detalhes sobre a pauta do encontro, que acontece poucos dias antes de o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reunir, em 7 e 8 de maio.
Na agenda de Campos Neto, consta que serão tratados “assuntos governamentais”. Nos últimos dias, o presidente do BC externou preocupações sobre possíveis impactos do pleno emprego sobre a inflação e em relação à recente mudança da meta fiscal pelo governo, que impactou expectativas no mercado.
Na próxima reunião do Copom, a tendência é de que o colegiado aplique novo corte de 0,5 ponto percentual (p.p.) à taxa Selic, atualmente em 10,75%. A ata do último encontro, porém, retirou o chamado “foward guidance” e deixou em aberto os passos a serem dados pelo comitê a partir de junho.
Dias após a publicação daquela ata, que externou preocupações do colegiado sobre impacto do pleno emprego na inflação, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) voltou a registrar criação de vagas no país, e o ministro da Fazenda chegou a “mandar recado” ao Copom: “Peço que não se assuste”, disse na oportunidade.
Para definir seus próximos passos, além de dados de inflação, o Comitê reitera que fica de olho nos riscos fiscais e impacto nas expectativas dos agentes. Recentemente, o mercado passou a elevar sua previsão para a chamada “taxa terminal” da Selic — patamar em que será finalizado o ciclo de cortes.
Uma das razões foi a mudança de meta fiscal pelo governo. Para 2025, a meta passou de superávit de 0,5% do PIB para 0%; para 2026, de 1% para 0,25%. O superávit de 1% fica previsto somente para 2028. Dessa maneira, adiando a possível estabilização da dívida pública do país.
Nos últimos meses também houve ruídos entre os quadros sobre a Proposta de Emenda à Constituição da autonomia financeira do Banco Central (BC). Haddad criticou publicamente a articulação de Campos Neto para aprovar a proposição no Congresso Nacional, enquanto o presidente do BC pediu que o tema não seja tratado na “mídia”.
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