Um brasileiro criou um videoclipe feito inteiramente por meio de ferramentas de inteligência artificial para uma banda cujos integrantes estão separados pelas águas do Oceano Índico. Trata-se de Arthur Machado e o The Transits, que tem integrantes baseados em Auckland, na Nova Zelândia, e Durban, na África do Sul.
O projeto foi tocado pela Paranoid, produtora por trás de séries como “DNA do Crime” e “Arcanjo Renegado” e demorou quase dois meses para ser preparado. A alternativa, além de mais barata, foi providencial para o The Transits, já que Dom Antelme na Nova Zelândia, assim como Arthur Machado, a 12 mil quilômetros de distância dos outros integrantes da banda. O fator geográfico, inclusive, faz com que os videoclipes sejam uma importante ferramenta de divulgação para a banda.
“Essas experiências imersivas bem novas têm possibilitado muitas pessoas que não têm tantos recursos – ou financeiros, ou de tempo, ou de canais de distribuição – a produzir coisas que não não ficam abaixo das grandes produções”, afirmou Machado. “[A IA] está fazendo muitas histórias virem à tona e serem contadas de pessoas que antes que talvez não conseguissem.”
A estratégia do The Transits é justamente apostar suas fichas nos clipes e, assim, conseguir compensar a dificuldade que é manter um base de fãs engajada sem shows, por exemplo.
“Enfrentamos um grande desafio estando em dois países, como você disse. E para nós construirmos nossa base de fãs, encontrar novos fãs, é sobre conteúdo de vídeo e sobre sermos muito, muito visuais em como podemos nos destacar”, afirmou Dom à CNN. “Antigamente, você encontrava uma banda olhando para a capa de um álbum. Agora, para nós, é o vídeo que atrai novas pessoas e nós sempre tentamos impulsionar isso em cada lançamento.”
Ele afirmou, inclusive, que a inteligencia artificial fez com que a banda pudesse entregar um video que eles jamais conseguiriam filmar. O clipe de “Dancing With Shadows” fala sobre saúde mental e cria uma mancha preta, que revela monstros que interagem com os personagens da história e inundam as cidades.
“Queríamos criar algo muito metafórico, que nunca conseguiríamos criar se não fosse pela inteligência artificial. Queríamos criar algo que fosse uma ótima representação, que as pessoas pudessem interpretar de diferentes maneiras. Então, para nós, a IA foi a ferramenta para conseguir fazer isso acontecer”, contou Dom.
Para chegar a esse resultado, Arthur Machado lançou mão de diferentes ferramentas de IA. O processo, segundo ele, é muito parecido com o de um artesão e demandou idas e vindas, refações e inversões de ordem para chegar à imagem perfeita para cada cena do clipe.
“O meu processo passa por três ou quatro [IAs] para ter uma imagem e depois mais algumas para [um] vídeo. Vou para uma, depois vou para outra, vou tentar inverter a ordem”, explicou. “Eu também rodo muita coisa local. Tenho computador que que roda modelos fechados dentro dele mesmo, então consigo outro nível de controle, outro tipo de qualidade na saída.”