O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na última sexta-feira (1°) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ligar para ele “a qualquer momento” para discutir tarifas e outros conflitos entre os países.
Em entrevista coletiva no jardim da Casa Branca, Trump disse: “Ele pode falar comigo quando quiser. Vamos ver o que acontece, eu amo o povo brasileiro” e finalizou afirmando que “as pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada”.
Após o aceno do norte-americano, Lula disse que sempre esteve aberto ao diálogo.
As declarações ocorrem em meio a um momento de tensão na relação entre os dois países. Na quarta-feira (30), Trump assinou uma ordem executiva que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, alegando práticas do governo Lula que prejudicariam empresas americanas, violariam a liberdade de expressão e afetariam interesses estratégicos dos EUA.
Antes mesmo das falas de Donald Trump, auxiliares diretos do presidente Lula já vinham falando na possibilidade de um encontro entre os dois à margem da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que ocorre em Nova York na segunda semana de setembro.
Obviamente é um encontro que demandaria preparativos, organização minuciosa e disposição de ambos. Por enquanto, é apenas uma hipótese admitida pelo Palácio do Planalto — não algo já sendo efetivamente montado.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que “a recíproca é verdadeira” sobre sinalização do presidente dos Estados Unidos na abertura de diálogo com o governo brasileiro para tratar das tarifas.
O chefe da equipe econômica ainda citou que é preciso “preparar o terreno” para uma possível ligação entre os mandatários.
Haddad também afirmou que fará uma nova reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e que o Brasil não irá abandonar a mesa de negociação com os EUA caso as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros entrem em vigor na próxima semana.
Para o cientista político André César, o momento ainda é de cautela. “Sempre há riscos dada a personalidade do Trump, que nós sabemos que é uma figura imprevisível. A todo momento ele está mudando, e por vezes de uma maneira mais incisiva, como vimos com o Zelensky [presidente da Ucrânia] e com o presidente da África do Sul, por exemplo. Então é algo de risco.”
No entanto, para ele, de toda forma, é uma sinalização de que pode haver algo mais concreto. “O que é importante, porque há setores aí que estão realmente ainda muito preocupados, são muito importantes tanto para a economia brasileira, quanto para a questão dos Estados Unidos mesmo, por exemplo, café e carne”, explica.