A reciprocidade brasileira em relação à tarifa de 50% anunciada pelos EUA sobre produtos exportados pelo Brasil é vista com preocupação pela indústria de aves e suínos.
Durante evento da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA), na manhã desta terça-feira (15/7), o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirmou que uma tarifação semelhante sobre bens importados dos EUA poderia prejudicar o setor.
“Nós temos que olhar que prejuízo nós vamos ter, porque a reciprocidade vai ser em cima de máquinas, motores. Se houver reciprocidade integral, nós importamos mais de 700 milhões de dólares em saúde animal, sem falar nos fertilizantes e outros insumos”, destacou o executivo.
Ao todo, a ABPA estima que as tarifas dos EUA causem um prejuízo de até US$ 180 milhões ao setor de proteína animal, considerando as perdas em exportações de suínos, ovos e peixes – sendo este último o mais preocupante, segundo Santin.
“A tilápia, sim, sofre porque é exportada do Brasil para os Estados Unidos de avião. Nós temos tilápias concorrentes da China, do Vietnã, e se o nosso produto ficar muito caro teremos dificuldade para vender porque o Brasil não tem muito mercado”, disse.
No caso dos suínos, ele avalia que o setor terá como redirecionar suas exportações aos mais de cem mercados já abertos, enquanto em ovos, as vendas dependerão da gravidade da crise de gripe aviária enfrentada pelos EUA. “O que vai determinar se o Brasil continuará a exportar ovo para os EUA ou não, mesmo com tarifa, é o preço do ovo local”, avalia Santin.
O presidente da ABPA também cobrou pragmatismo do Brasil nas negociações com os EUA e sugeriu que o país ofereça reduzir impostos sobre produtos de alta tecnologia, como o Iphone. “Nós temos que limpar da carta e ler o último parágrafo dele, que diz que ‘se o Brasil estiver disposto a negociar tarifas para produtos que têm tarifas muito altas, nós também estamos dispostos a rever essa tarifa de 50%’”, completou Santin.