A recente imposição de uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo governo dos Estados Unidos, coloca em risco o setor de suco de laranja brasileiro e faz os contratos futuros da commodity subirem mais de 6% nesta manhã, na bolsa de Nova York. Neste momento, o contrato mais negociado, de vencimento em setembro, é cotado a US$ 2,6385 a libra-peso.
Na safra 2024/25, encerrada em 30 de junho, os Estados Unidos representaram 41,7% das exportações brasileiras do produto, somando US$ 1,31 bilhão em faturamento, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) consolidados pela CitrusBR.
Essa nova tarifa representa um aumento de 533% sobre os US$ 415 por tonelada que já eram cobrados sobre o suco brasileiro. Considerando a cotação do último fechamento (US$ 3.600 por tonelada de suco concentrado), cerca de US$ 2.600 — ou 72% do valor total do produto — passariam a ser recolhidos em tributos. A CitrusBR considera que isso inviabilizará as exportações para os EUA. “Trata-se de uma condição insustentável para o setor, que não possui margem para absorver esse tipo de impacto”, escreveu o presidente-executivo da entidade em nota, Ibiapaba Netto.
Com os demais investidores também concentrados na repercussão das novas tarifas, os contratos de café arábica sobem 0,95%, a US$ 2,87115 a libra-peso.
Com a taxação, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) avalia que o consumidor americano pagará até 60% mais caro pelo café. O diretor-geral da entidade, Marcos Matos, observou que o Brasil é o principal fornecedor de café para os EUA, respondendo por cerca de 30% das importações americanas
“O Cecafé acompanha com muita atenção as discussões das tarifas dos Estados Unidos. É o país mais importante em termos de consumo de café”, disse. Ele afirmou que a entidade tem buscado construir uma agenda positiva com os EUA, por meio de contatos com parceiros como a National Coffee Association (NCA), que representa o segmento no país.
Na ponta negativa, os contratos futuros de cacau com vencimento em setembro caem 0,97%, negociados a US$ 8.295 por tonelada. Enquanto isso, o algodão de mesmo vencimento recua 0,13%, a 67,69 centavos de dólar a libra-peso, e o açúcar cai 1%, a 16,36 centavos.