O apresentador e chef Edu Guedes, 50 anos, passou por uma cirurgia para remoção de um tumor no pâncreas no último sábado (05/07), em São Paulo. A doença foi descoberta após uma crise renal, que motivou exames mais detalhados.
O câncer de pâncreas é conhecido por ser silencioso e agressivo, porém ainda não há informações específicas sobre o estágio da doença de Guedes.
O pâncreas é uma glândula essencial para o organismo, responsável pela produção de insulina, hormônio que permite a utilização da glicose como fonte de energia pelas células.
Edu Guedes e Ana Hickmann: conheça a mansão onde os noivos vão morarA detecção precoce do câncer é fundamental para melhorar o prognóstico, possibilitar tratamentos menos invasivos e aumentar as chances de cura. No entanto, sintomas como dor abdominal, indigestão e perda de peso costumam ser discretos e ignorados, dificultando o diagnóstico inicial.
Principais sinais da doença
Nos estágios iniciais, o câncer de pâncreas geralmente não apresenta sintomas. Quando aparecem, o tumor já pode estar em fase avançada.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o diagnóstico precoce busca identificar tumores em fases iniciais por meio de exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou de imagem, seja em pessoas com sintomas ou em grupos de risco.
Atualmente, não há evidências científicas que comprovem benefícios superiores aos riscos do rastreamento populacional para esse tipo de câncer, portanto ele não é recomendado para a população geral.
No Brasil, o câncer de pâncreas corresponde a cerca de 2% dos casos de câncer e 4% das mortes relacionadas à doença, sendo mais comum em pessoas acima dos 60 anos e predominante entre homens.
Sintomas comuns
- Dor no estômago e nas costas
- Perda de peso inexplicada
- Indigestão
- Alterações nas fezes, como flutuação
Outros sinais possíveis:
- Perda de apetite
- Icterícia (amarelamento da pele e dos olhos)
- Sensação geral de mal-estar
- Dificuldade para engolir
- Diagnóstico recente de diabetes
Fatores de risco
O estilo de vida saudável é a melhor forma de prevenção. É importante evitar o tabagismo (ativo e passivo) e manter o peso corporal adequado, já que sobrepeso e obesidade aumentam o risco de diabetes, que por sua vez eleva as chances de desenvolver câncer de pâncreas.
De acordo com o INCA, cerca de 10% a 15% dos casos estão associados a fatores hereditários, como:
- Síndromes genéticas ligadas a câncer de mama e ovário (genes BRCA1, BRCA2 e PALB2)
- Síndrome de Peutz-Jeghers
- Pancreatite hereditária
Já os fatores não hereditários incluem:
- Tabagismo
- Excesso de peso
- Diabetes mellitus
- Pancreatite crônica não hereditária
Estes últimos estão ligados principalmente ao estilo de vida e podem ser modificados.
Além disso, a exposição ocupacional a solventes, tetracloroetileno, estireno, cloreto de vinila, epicloridrina, HPA e agrotóxicos também está relacionada ao risco aumentado. Trabalhadores rurais, da manutenção predial e da indústria petrolífera são os mais expostos a essas substâncias.
O contra-ataque da medicina
Mas nem tudo são más notícias quando o assunto é câncer de pâncreas.
“Durante muito tempo, tivemos a ideia que esse era um tumor contra o qual podíamos fazer muito pouco”, explica Duílio Rocha, diretor da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, em reportagem publicada em fevereiro de 2023.
“Mas, nos últimos anos, tivemos uma série de avanços que melhoraram esse cenário. Hoje, a chance de cura é seis vezes maior do que há duas décadas, principalmente quando somos capazes de usar as melhores ferramentas para diagnosticar e tratar de forma precoce”, complementa.
Quando o tumor na glândula é detectado nos estágios iniciais, a cirurgia costuma ser a primeira alternativa para lidar com o problema.
Agora, se a doença já evoluiu ou se espalhou para outras partes do organismo, os profissionais de saúde apelam para a quimioterapia ou para a radioterapia.
Em alguns casos, a própria químio consegue diminuir o tumor, o que abre a possibilidade de fazer uma cirurgia para remover as lesões localizadas na glândula.
Opções mais avançadas também começam a entrar em jogo. Uma delas é a imunoterapia, uma classe de medicamentos que estimula o próprio sistema imunológico do paciente a combater as células cancerosas.
“Por ora, esses remédios só estão disponíveis para indivíduos com uma mutação genética específica, o que corresponde a cerca de 1% dos casos”, aponta Siqueira.
Outra novidade recente é o uso das CAR-T Cells, um método já aprovado contra tumores de sangue que consiste em extrair células imunológicas do próprio paciente, modificá-las em laboratório e reintroduzi-las no organismo, para que reconheçam e ataquem o tumor.
“Esse, porém, ainda é um tratamento experimental, que precisa ser mais estudado”, pondera a oncologista clínica.
Embora o transplante de pâncreas seja uma opção para os pacientes com diabetes que têm complicações graves, ele não está disponível como tratamento contra o câncer. Isso porque essa cirurgia exige o uso de medicamentos que inibem o sistema imunológico — que, num paciente com esse tumor, fariam as células cancerosas se espalharem mais rapidamente para outras partes do corpo.
Se as perspectivas terapêuticas contra o câncer de pâncreas evoluem, as orientações para prevenir a doença continuam as mesmas.
“A nossa principal recomendação para evitar uma doença dessas é buscar hábitos de vida saudáveis”, sugere Rocha.
“Isso inclui manter um peso adequado, uma alimentação baseada em fontes vegetais e com pouca gordura saturada, praticar atividade física e evitar o tabagismo”, conclui o médico.