A CropLife Brasil, representante do setor de defensivos químicos e biotecnologia, manifestou preocupação com a forma como foi instituído o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), lançado pelo governo federal na segunda-feira (30/6), durante a apresentação do Plano Safra da Agricultura Familiar 25/26.
O programa prevê a “redução gradual e contínua do uso de agrotóxicos”, segundo o decreto presidencial. Para a organização, “políticas que limitem o acesso a tecnologias essenciais, sem uma avaliação e rigor técnico, podem gerar impactos negativos para os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, comprometendo, a longo prazo, não apenas a capacidade produtiva do país, mas também o acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas para os consumidores”
A entidade afirmou ter sido surpreendida com a ausência de convite à indústria e aos produtores rurais para participar da construção da política pública. “Esses atores têm conhecimento técnico e experiência para contribuir com políticas públicas mais equilibradas, alinhadas às práticas de manejo responsável já adotadas no país”, destacou em nota.
A organização também reforçou que o Brasil possui uma das legislações mais rigorosas do mundo para defensivos agrícolas, incluindo a Avaliação do Risco conduzida por órgãos como Ibama e Anvisa. A entidade defende que “qualquer política voltada ao uso de defensivos agrícolas seja baseada em critérios científicos, tecnológicos e regulatórios robustos, assegurando o equilíbrio entre produtividade, inovação e sustentabilidade”.
A entidade argumenta que o setor produtivo brasileiro vem demonstrando, ao longo dos anos, compromisso com boas práticas agrícolas, seguindo padrões internacionais de segurança alimentar e ambiental. Segundo o posicionamento, tais condutas contribuem para a redução de riscos, a otimização do uso de insumos e a preservação de recursos naturais, e que cabe ao agricultor, com base na experiência e na realidade produtiva, escolher a melhor estratégia.
Ainda segundo a CropLife, as moléculas mais recentes aprovadas no país apresentam perfis toxicológicos e ambientais mais aprimorados, com maior seletividade e uso em menores doses. A entidade defendeu que a aceleração da análise regulatória poderia ampliar o acesso a essas soluções, fortalecendo a competitividade da agricultura brasileira com base em tecnologias seguras e eficientes.
Por fim, a CropLife Brasil se colocou à disposição para o diálogo com o governo. “Os esforços do governo e setor devem convergir no combate a eventuais irregularidades e, principalmente, na educação, incentivo e promoção ao uso correto, seguro e regulado dos agroquímicos”, afirmou a organização.