O líder religioso Heraldo Lopes Guimarães, de 61 anos, acusado de crimes sexuais contra oito fiéis, foi preso na noite desta segunda-feira (30) em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. Por problemas de saúde, a prisão foi convertida em domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares.
De acordo com as investigações, muitas das vítimas foram abusadas de forma continuada. Uma delas relatou que o primeiro abuso ocorreu aos 12 anos, em um contexto em que as vítimas não podiam oferecer resistência devido a preceitos religiosos.
Policiais militares localizaram Guimarães em um imóvel da região. Ele era procurado pela Justiça pelo crime de estupro de vulnerável. O caso foi registrado como captura de procurado no 63º Distrito Policial.
Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), o acusado possui miocardiopatia dilatada, insuficiência cardíaca e obesidade, o que motivou a conversão da prisão para domiciliar. Ainda em documento do TJSP, a autoridade afirmou que os crimes aconteceram entre os anos de 2016 e 2019.
“A determinação é que, caso seja necessário realizar exames como ressonância magnética, e a tornozeleira eletrônica possa interferir nos resultados, deverá haver acompanhamento por funcionário do sistema prisional para retirada e reinstalação do dispositivo”, explicou a Justiça.
A advogada Talitha Camargo, representante das vítimas, afirmou que a prisão representa um avanço importante para as mulheres que denunciaram os abusos e que aguardam a conclusão do processo. “Quanto mais demorado o processo, maior o sofrimento das vítimas”, declarou.
Em nota, a defesa de Heraldo Lopes Guimarães disse que o homem estava em liberdade desde janeiro de 2023 após decisão que encerrou o processo contra ele, por falhas na forma como o processo foi conduzido – vícios processuais. Além disso, a defesa afirma que a prisão em regime fechado ocorrida recentemente foi resultado de um erro material.
“O erro já foi reconhecido pela própria magistrada do caso, que determinou a expedição do alvará de soltura e o cumprimento da prisão domiciliar”, destacou a advogada Ana Paula Oliveira Guimarães, que representa o líder religioso.
Por fim, Ana Paula destacou que Heraldo ainda não foi ouvido e que aguarda o andamento do processo.