O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), autorizou a realização de uma sessão especial, que reunirá parlamentares de todas as comissões da Casa, sobre a fraude dos descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A audiência deve acontecer na quarta-feira (2), às 14h.
Entre os convidados, estão o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, o presidente do INSS, Gilberto Waller, e o ex-presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, afastado do cargo por decisão judicial após ser alvo da operação da PF (Polícia Federal) e da CGU (Controladoria-Geral da União) que revelou o escândalo bilionário.
O deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), autor da iniciativa, disse à CNN que a audiência tem o objetivo de aprofundar as “razões e falhas” que ocasionaram nas fraudes.
“Temos de endereçar essas questões para restituirmos o quanto antes os afetados pelas fraudes; criar mecanismos, como a possibilidade de confisco, para garantir essa devolução de valores e ainda discutir formas de evitar que casos como esse jamais voltem a acontecer”, disse.
O consentimento do presidente da Câmara ocorre em meio a uma crise entre o Congresso e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Hugo Motta foi o responsável por pautar a derrubada do decreto que aumentava as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Nesta terça (1º), a AGU acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão do Parlamento.
Na semana passada, o projeto foi aprovado tanto pela Câmara quanto pelo Senado e impôs uma das derrotas mais expressivas ao governo de Lula neste mandato.
Em resposta, o PT iniciou uma campanha nas redes sociais, gerada por inteligência artificial, mostrando a população sobrecarregada por impostos que beneficiam poucos, para frisar a justiça social e tributária. O Centrão, por sua vez, ironizou a mensagem, invertendo a lógica apresentada.
Na segunda-feira (30), Hugo divulgou um vídeo nas redes sociais em que rebate diretamente o Executivo.
O presidente da Câmara aparece na publicação respondendo a uma pergunta exibida na tela: “O governo diz que foi pego de surpresa com a votação do IOF. Fake ou real?” A resposta aparece na tela como “fake”, e Hugo rebate:
“Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa, não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no Parlamento”.
A CNN mostrou que, após a resposta contundente de Hugo, o governo federal já identificou a necessidade de contornar a situação e está buscando “baixar o tom” em relação à recente campanha.
A estratégia é enfatizar que o foco do governo é o combate aos privilégios, e não um embate direto com o Congresso. No entanto, essa narrativa enfrenta desafios para se consolidar, exigindo intensa articulação política.