O projeto da SGBH (State Grid Brazil Holding) — subsidiária da estatal chinesa Grid Corporation — para escoar a eletricidade produzida no Nordeste para o Centro-Oeste reduzirá a necessidade de cortes de geração de energia, o chamado curtailment, informou o diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Márcio Rea.
Batizada de “Projeto de Ultra Alta Tensão no Nordeste do Brasil (Gate)”, a iniciativa ligará as cidades de Graça Aranha (MA) e Silvânia (GO), passando por Tocantins. A SGBH realizou uma cerimônia nesta segunda-feira (30) para marcar o início das obras na cidade goiana.
“Vai aliviar os nossos cortes de energia, o curtailment, que temos no Nordeste. Vamos poder trazer energia para cá e assim aproveitá-la”, disse Márcio Rea a jornalistas.
De acordo com Rea, o projeto pode baratear o custo de energia para a região Centro-Oeste. O diretor-geral do ONS também ressaltou que há interesse do Brasil em adquirir baterias para armazenar a energia excedente do Nordeste e distribuí-la para outras regiões do Brasil entre às 16h e às 20h, período em que há a queda de produção de energia por conta da interrupção das usinas solares.
“Depende do estado. Geralmente, acaba sendo um pouco mais barato. A energia mais cara vem das térmicas. A gente acha que isso vai melhorar um pouco”, afirmou Rea.
A SGBH calcula que a obra seja concluída em 2029, com data de início da operação comercial em março de 2030. O CTO da Gate, Paulo Zerbarti, ressalta que a empresa trabalha para entregar a obra antes do prazo.
“A gente está trabalhando forte para até trazer antes. 2029 é uma meta, uma coisa importante. A gente quer acelerar o máximo possível. Hoje em dia a gente fala muito do curtailment. A ideia é que esse projeto diminua o curteiament, essa restrição, para que a gente possa trazer cada vez mais energia limpa do Nordeste e não ter problemas em relação a falta de energia”, disse Zerbarti.
A SGBH prevê investir cerca de R$ 23 bilhões na iniciativa, ao todo. O prazo de concessão é de 30 anos.
O projeto consiste na construção de uma linha de transmissão de 1.468 quilômetros de extensão em corrente contínua em ultra alta tensão (800 kV) e de duas estações conversoras e unidades de apoio em corrente alternada, com capacidade de transmissão de 5 milhões de kW.