O Brasil está participando da reunião do Tratado da Antártica, que reúne os países signatários do acordo, e discute propostas internacionais de proteção ambiental no continente mais remoto do planeta. Este ano, a reunião está acontecendo em Milão, na Itália, com previsão de encerramento para o início de julho.
As propostas de novas Áreas Marinhas Protegidas (AMP) na Antártica estão sendo discutidas para serem debatidas na Comissão para Conservação dos Recursos Marinhos Vivos da Antártica (CCAMLR), onde um grupo pequeno de países, liderados por Rússia e China, impedem sistematicamente um consenso sobre a criação de novas áreas protegidas na Antártica, segundo especialistas.
Mudanças climáticas na Antártica afetam o Brasil
A crise climática nos dois extremos antárticos afetam diretamente o Brasil, pois, a interação entre os dois sistemas conecta o polo Sul e o polo Norte, a partir do derretimento de geleiras, alteração nas correntes oceânicas, e da circulação atmosférica, que influenciam os padrões de chuva, secas e eventos extremos no país, como as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, em maio do ano passado.
Entretanto, a relação também pode ser inversa. Como exemplo, podemos citar o aumento das queimadas na Amazônia, que podem liberar partículas que chegam a Antártica e escurecer o gelo, acelerando seu derretimento.
Brasileiros reconhecem ameaça marítima
Uma pesquisa recente, conduzida pela Fundação Grupo Boticário, UNESCO, e pelo projeto Maré de Ciência e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostrou que nove em cada dez brasileiros reconhecem que o aumento do nível do mar é uma ameaça real.
Desses, a maioria também associa o aquecimento dos oceanos a eventos climáticos extremos, como secas e inundações.
Ainda assim, apenas 7% dos entrevistados participaram de alguma ação para conservação marinha no último ano, revelando uma lacuna entre a percepção e a prática.
A percepção pública acompanha o que a ciência já comprova: a crise climática antártica afeta diretamente o cotidiano dos brasileiros, da mudança nos padrões de chuvas às ameaças a atividades como o turismo de observação de baleiasRonaldo Christofoletti, professor da Unifesp e co-presidente do Grupo de Especialistas em Cultura Oceânica da UNESCO.
O que é o Tratado da Antártica?
Assinado em dezembro de 1959, o Tratado da Antártica é um acordo entre 53 países que desenvolvem atividades no continente antártico, que se comprometem a dialogar sobre o uso do continente, além do objetivo de preservá-lo.
O Brasil, por sua vez, aderiu ao Tratado em 1975 e, a partir da criação do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), iniciou suas atividades no continente em 1982, um ano depois, em 1983, o país passou a ser membro consultivo do Tratado Antártico, tendo direito a voto em questões relativas ao continente.
Atualmente, o Proantar segue sendo o mais longevo programa de pesquisa brasileira, realizando estudos ligados a temas como meteorologia e oceanografia.