Cerca de 70% dos trabalhadores no mundo estão expostos a riscos de saúde relacionados às mudanças climáticas, de acordo com um relatório divulgado na segunda-feira (22) pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), agência da ONU (Organização das Nações Unidas).
O documento afirma que as mudanças climáticas estão impactando a segurança e a saúde de trabalhadores de todas as regiões do mundo. A OIT estima que mais de 2,4 bilhões de trabalhadores estarão expostos ao calor excessivo em algum momento do seu trabalho, de acordo com os dados de 2020, os mais recentes disponíveis.
Além disso, o relatório também estima que 18.970 vidas e 2,09 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade são perdidos por ano devido às 22,87 milhões de lesões ocupacionais atribuídas ao calor excessivo. Além disso, segundo o documento, cerca de 26,2 milhões de pessoas no mundo vivem com doença renal crônica associada ao estresse térmico no local de trabalho.
Riscos vão além do calor excessivo
O relatório mostra que outros problemas de saúde de trabalhadores globais, além das condições associadas ao calor excessivo, podem estar relacionados às mudanças climáticas. É o caso de câncer, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, disfunção renal e problemas de saúde mental.
De acordo com o documento, o impacto das alterações climáticas inclui:
- 1,6 bilhões de trabalhadores expostos à radiação UV, com mais de 18.960 mortes anuais por câncer de pele não melanoma relacionado ao trabalho;
- 1,6 bilhões de pessoas expostas à poluição atmosférica no local de trabalho, resultando em até 860 mil mortes anuais relacionadas ao trabalho ao ar livre;
- Mais de 870 milhões de trabalhadores agrícolas provavelmente expostos a pesticidas, com mais de 300 mil mortes anuais atribuídas ao envenenamento por pesticidas;
- 15 mil mortes relacionadas ao trabalho por ano devido à exposição a doenças parasitárias e transmitidas por vetores.
“É evidente que as alterações climáticas já estão criando riscos adicionais significativos para a saúde dos trabalhadores”, afirmou Manal Azzi, chefe da equipa de SST (Segurança e Saúde no Trabalho) na OIT, em comunicado.
“É essencial que prestemos atenção a esses avisos. As considerações de segurança e saúde no trabalho devem tornar parte das nossas respostas às alterações climáticas – tanto nas políticas como nas ações. Trabalhar em ambientes seguros e saudáveis é reconhecido como um dos princípios e direitos fundamentais da OIT. Devemos cumprir esse compromisso em relação às alterações climáticas, tal como em todos os outros aspectos do trabalho”, completa.
Relatório analisa as atuais respostas dos países para a questão climática no ambiente de trabalho
O relatório também explorou como os países estão respondendo às alterações climáticas, com a inclusão ou revisão de novas legislações, regulamentos e orientações para mitigar o problema nos ambientes de trabalho.
Conforme citado no documento, a legislação brasileira aponta que o trabalho deve ser interrompido nos casos em que a temperatura subir acima de 29,4 ºC, para o trabalho de baixa intensidade; acima de 27,3 ºC, para o trabalho de intensidade moderada; e 24,7 ºC, para o trabalho de intensidade muito alta.
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