Moradores das regiões periféricas da capital paulista têm 50% mais chances de sofrer reinfecção por Covid-19 do que os residentes da área central da cidade. A constatação é de um estudo conduzido pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS) e pelo Hospital Israelita Albert Einstein, com base na análise de mais de 73 mil casos confirmados da doença em São Paulo.
A Zona Leste lidera o índice de reinfecção, com taxa de 9,6%, enquanto a região central apresentou o menor percentual, de 6,4%. Segundo os pesquisadores, essa disparidade evidencia como a desigualdade social afeta diretamente o acesso à saúde e à proteção contra doenças.
“Os resultados demonstram que as emergências sanitárias impactam de forma desproporcional as populações mais vulneráveis, demandando estratégias robustas de vigilância epidemiológica e políticas públicas comprometidas em garantir a equidade e a proteção social dos grupos mais fragilizados”, afirma Daniel Tavares Malheiro, pesquisador do Einstein e um dos autores do estudo.
O levantamento também mostra que as variantes da Ômicron foram responsáveis por 97% dos casos de reinfecção registrados, sendo as subvariantes XBB, XBB.1.5 e XBB.1.16 as mais presentes. Essas linhagens sofreram mutações específicas na proteína spike – uma das proteínas estruturais encontradas nos coronavírus – o que ampliou sua capacidade de infectar novamente indivíduos já imunizados ou previamente contaminados.
Para os autores, o enfrentamento eficaz de novas variantes depende não só do monitoramento genômico, mas também de políticas que reduzam as desigualdades e fortaleçam o sistema de vigilância em saúde.