Após conquistar o bronze nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, José Roberto Guimarães iniciou a caminhada rumo a Los Angeles 2028 com o primeiro desafio de repensar o grupo para a Liga das Nações de 2025. Enfrentando desfalques importantes, o técnico apostou em novos talentos e manteve nomes de peso na busca pelo título inédito da competição, que começa na próxima quarta-feira (4), no Maracanãzinho.
O grupo que irá representar o Brasil no primeiro torneio internacional do ciclo chega cheio de novidades. A começar pela idade da atletas: das 20 jogadoras chamadas para treinar no Centro de Desenvolvimento do Voleibol, em Saquarema, mais da metade tem 25 anos ou menos. Além disso, seis podem vestir a camisa da seleção adulta oficialmente, pela primeira vez: Jheovana, Kika, Lyara, Lanna, Marina Sioto e Marcelle.
Para o jogo de estreia contra a República Tcheca, nesta quarta-feira, Zé Roberto definiu as 14 escalações: Macris e Roberta permanecem como levantadoras, Jheovana e Tainara entram como opostas, Aline Segato, Ana Cristina, Julia Bergmann e Helena ocupam a ponta da rede, Diana, Julia Kudiess, Lorena e Luzia formam o grupo das centrais e Kika e Laís fecham a equipe, como líberos.
Com o Mundial Feminino pela frente, em agosto, na Tailândia, a VNL funcionará como um laboratório para o técnico brasileiro. É a chance de testar nomes que podem, quem sabe, ser protagonistas em Los Angeles 2028.
– O mais importante para elas é aproveitar cada dia de treinamento, de jogos, o Maracanãzinho que deve estar lotado, a torcida. É ver tudo que elas nunca viram na vida, principalmente as que não participaram dessa competição, e aí, se familiarizar com os acontecimentos, porque isso vai fazer parte da vida delas daqui para frente – afirmou Zé Roberto.
Desfalques importantes
Depois de uma temporada longa nas principais ligas do mundo, o técnico decidiu preservar algumas jogadoras, como a ponteira Gabi, que estará ausente nas duas primeiras semanas da competição. Além dela, Carol – central campeã em bloqueios na edição de 2024 da VNL – também pediu licença temporária da equipe por motivos pessoais.
Outra mudança significativa do grupo que conquistou o bronze em Paris para a Liga das Nações deste ano foi na posição de líbero. Nyeme anunciou uma pausa na carreira para ter sua primeira filha, enquanto Natinha precisou se afastar nesta temporada para cuidar de sua saúde física e mental.
Posições, estreantes e nomes de peso
A comentarista do sportv Fabi Alvim analisou o grupo convocado para a Liga das Nações e falou sobre as expectativas para cada posição.
Central
O meio de rede da seleção brasileira chega à VNL de 2025 bem diferente. Mesmo sem Thaisa, que anunciou sua aposentadoria do time logo após a conquista do bronze em Paris, e sem Carol, Zé Roberto aposta em novidades. Entre elas, o retorno de Julia Kudiess, recuperada de uma lesão no joelho direito sofrida durante a edição de 2024, e a estreia de Lanna, jogadora com passagens pelas seleções de base. Diana lidera o grupo das centrais como a mais experiente na posição, acompanhada também por Lorena e Luzia.
– Eu imagino que a disputa das centrais vai ser uma das mais acirradas mesmo, com a saída da Thaisa e a ausência da Carol. Vai ser bacana acompanhar para ver quem vai figurar entre as centrais titulares e também pra ver quem vai estar ali, no banco. Acho que vai ser uma dor de cabeça daquelas que o treinador gosta – comentou Fabi.
Oposta
Destaque da última temporada da Liga Japonesa e medalhista de bronze em Paris pela seleção brasileira, Rosamaria chega como veterana na posição. Segunda maior pontuadora da Superliga 2024/25, mas fora das últimas Olimpíadas, Kisy volta ao grupo na briga por um lugar definitivo.
Para os comentaristas, o grande destaque pode ficar entre Tainara – medalhista de prata no Pan de Santiago sob o comando de Paulo Coco – e Jheovana, estreante na equipe e maior pontuadora de um jogo de Superliga pelo Barueri, em 2023.
– A Tainara vem de uma temporada na China. Vai ser interessante ver como ela reage a esse retorno à seleção. Não sei como o Zé vai fazer também, por exemplo, com a própria Jheovana, outra menina nova que está tendo a chance. Foi revelação da última edição da Superliga. Estou muito animada com elas – disse Fabi.
Ponteira
Sem a presença da capitã Gabi nas duas primeiras semanas, o grupo conta com jogadoras vindas das categorias de base. O trio de mais de 1,90m de altura composto por Ana Cristina, Julia Bergmann e Helena acompanha fielmente a tendência do vôlei mundial – atletas altas, com jogo técnico e potencial para se tornarem referências. A novidade fica por conta de Aline Segato, do Barueri, de apenas 19 anos, que disputou o Pan de Santiago com a camisa verde e amarela e agora volta à seleção para a Liga das Nações.
Levantadora
Assim como na VNL de 2024 e nas duas últimas Olimpíadas (Tóquio 2020 e Paris 2024), Zé Roberto vai contar com a sólida experiência de Macris e Roberta na posição. Convidadas para os treinos em Saquarema, as estreantes Lyara e Marina Sioto ainda aguardam a sonhada convocação para atuar oficialmente. Para Fabi, há grandes chances de o técnico fazer um revezamento em quadra.