O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) dará início, nesta quarta-feira, a uma ação de prevenção e repressão ao racismo e à xenofobia durante as partidas de Sul-Americana e Libertadores realizadas na cidade do Rio de Janeiro. Promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST/MPRJ) estarão presentes em todos os jogos nos estádios cariocas para monitorar o comportamento de torcedores nas arquibancadas.
O MPRJ lançou a campanha “Estamos Vigilantes”. Defendendo que “denunciar é dever de todos”, a iniciativa reúne jogadores dos principais clubes cariocas, torcedores, jornalistas, profissionais de segurança e serviços que atuam nos estádios e promotores de Justiça.
– Todos os torcedores que comparecerem às arenas esportivas do Rio de Janeiro terão o Ministério Público ao seu lado, com o objetivo de punir eventuais autores desses atos criminosos e garantir justiça e proteção aos direitos de todos os cidadãos – disse o procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, idealizador do GAEDEST.
A campanha acontece num momento no qual a própria Fifa está endurecendo as punições em casos de racismo, com previsão de aplicação de multas altas e até derrota por WO. Durante o 74º Congresso da Fifa, realizado na última sexta-feira, o Conselho da entidade aprovou por unanimidade a edição revisada do Código Disciplinar da Fifa, que passa a ser mais rigoroso no combate à discriminação dentro e fora de campo.
Casos recentes também dão impulso à campanha. Em março, o atacante Luighi, do Sub-20 do Palmeiras, foi vítima de ofensas racistas na partida contra o Cerro Porteño, pela Libertadores Sub-20, no Paraguai. Torcedores paraguaios imitaram um macaco e cuspiram em direção ao atleta. Em entrevista pós-jogo, o jogador cobrou medidas mais sérias em casos de atos racistas.
– Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime.
No Rio de Janeiro, onde a ação do MPRJ se desenvolverá, dois torcedores do Botafogo foram flagrados fazendo gestos racistas para a torcida adversária durante jogo contra o Palmeiras, no Estádio Nilton Santos, pela Libertadores, em novembro do ano passado. Na ocasião, a Conmebol multou o Botafogo em US$ 60 mil (aproximadamente R$ 335 mil na cotação da época).
Com a iniciativa do Ministério Público, haverá agentes nas arquibancadas e monitoramento pelo circuito interno de câmeras dos estádios. Caso seja identificado um ato discriminatório, policiais e seguranças conduzirão o autor ao Juizado do Torcedor. Confirmado o flagrante, será determinada sua prisão e iniciado o processo criminal.
O MPRJ orienta que qualquer pessoa que presencie um ato de discriminação se manifeste imediatamente, acionando policiais militares, a segurança do estádio ou o promotor de Justiça de plantão no Juizado do Torcedor.