O bicampeão olímpico Jakob Ingebrigtsen descreveu uma infância marcada pelo medo e manipulação em depoimento prestado nesta terça-feira (25) contra o próprio pai e ex-treinador.
Gjert Ingebrigtsen se declarou inocente das acusações de abuso físico de dois de seus filhos, incluindo o atleta. O homem de 59 anos pode pegar até seis anos de prisão, com o julgamento previsto para ocorrer até 16 de maio em Sandnes, Noruega.
“Minha criação foi intimamente ligada ao medo. Estou ciente de uma cultura baseada no medo há muito tempo. Quando adolescente, era um conceito com o qual eu realmente me identificava, porque sentia que não tinha livre arbítrio ou voz ativa em nada”, disse Jakob Ingebrigtsen, ouro nos 5 mil metros nos Jogos Olímpicos de Paris e nos 1.500 em Tóquio.
“Eu estava em um ambiente onde tudo era controlado e decidido para mim. Havia uma quantidade enorme de manipulação”, disse ele ao tribunal segundo a emissora estatal norueguesa NRK.
Durante o primeiro dia do julgamento, na segunda-feira (24), Gjert Ingebrigtsen disse ao tribunal que era inocente das acusações contra ele, informou a agência de notícias norueguesa NTB, que também disse que ele deve testemunhar na semana que vem.=
Jakob Ingebrigtsen, de 24 anos, contou ao tribunal sobre vários incidentes de violência.
Os promotores alegam que Gjert Ingebrigtsen agrediu o filho diversas vezes depois que recebeu um relatório negativo sobre o comportamento da criança na escola quando tinha oito anos.
“Lembro-me de estar extremamente assustado. Agora fiz algo seriamente errado. Estou apavorado com o que vai acontecer”, disse Jakob Ingebrigtsen ao tribunal sobre a preparação para o incidente.
O atleta também disse ao tribunal que, aos 16 anos, quando conheceu Elisabeth Asserson, que agora é sua esposa, o pai tentou pôr fim ao namoro, temendo que qualquer relacionamento prejudicasse a carreira esportiva do filho.
“Achei extremamente difícil que alguém como meu pai pudesse falar daquele jeito sobre Elisabeth, alguém com quem eu me importava”, disse ele ao tribunal.
