A Comissão de Promoções de Oficiais (CPO) do Exército vetou o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), de concorrer ao cargo de coronel neste mês de abril por estar preso preventivamente desde o dia 22 de março.
De acordo com o parecer do colegiado, Cid está impedido de concorrer à promoção por merecimento por incidir em artigo da Lei de Promoções dos Oficiais da Ativa das Forças Armadas (LPOAFA), que prevê que o militar preso cautelarmente não poderá constar de qualquer quadro de acesso, enquanto a prisão não for revogada
O resultado das promoções será divulgado em um comunicado interno no dia 29 de abril.
Outro motivo apresentado pela comissão para barrar Mauro Cid na fila de ascensão na carreira é que, de acordo com o Regulamento da Lei de Promoções dos Oficiais da Ativa das Forças Armadas, o militar fica “impedido temporariamente para a promoção, caso esteja suspenso de exercer as atividades específicas de sua arma, quadro ou serviço, mesmo em caráter provisório.”
A promoção de Cid, alvo de diversas investigações, já era considerada improvável pela cúpula do Exército, ainda que ele fosse mantido na disputa pelo cargo de coronel.
A decisão da comissão, porém, tira do tenente-coronel até mesmo a chance de concorrer.
O ex-ajudante de ordens está preso desde o 22 de março no Batalhão da Polícia do Exército, em Brasília, depois que a revista Veja divulgou áudios em que o militar faz críticas à Polícia Federal e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A prisão foi decretada após Cid prestar esclarecimentos à Corte e alegar que a conversa ocorreu em um momento de desabafo.
Na ocasião, o tenente-coronel confirmou os termos da colaboração premiada que tinha garantido a saída dele da prisão em setembro de 2023 e negou ter sido coagido por policiais.
Como mostrou a CNN, Mauro Cid prestou um novo depoimento na terça-feira (9). Ele esteve na sede da Polícia Federal entre 14h e 19h para assinar a degravação do depoimento prestado no dia 11 de março e esclarecer dúvidas dos investigadores sobre os áudios vazados.
A PF investiga as circunstâncias do vazamento.
O ex-ajudante de ordens é alvo de investigação nos inquéritos que apuram tentativa de golpe de Estado e venda ilegal de joias sauditas recebidas pelos ex-presidente.
Em março, Cid, junto com Bolsonaro e outras 15 pessoas, foi indiciado pela Polícia Federal por fraude nos cartões de vacina.
Amigos de Cid também ficam temporarimente sem chance de promoção
Amigos de Mauro Cid, outros quatro tenentes-coronéis investigados por golpismo que também estavam na fila da promoção também foram impedir pela Comissão de
Promoções de Oficiais de neste momento concorrer a um posto superior no Exército.
Segundo a CNN apurou, apesar de não estarem presos, os militares, por determinação de uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, estão suspensos de exercer as atividades específicas, ainda que em caráter provisório.
Todos se formaram em 2000 na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), na turma batizada de Maestro Carlos Gomes. Amigos de Cid, eles foram alvo da operação Tempus Veritatis da Polícia Federal, em 8 de fevereiro.
A investigação identificou troca de mensagens desses militares com o ex-ajudante de ordens e aponta indícios de que tenham atuado para descredibilizar o processo eleitoral e também no planejamento de um suposto golpe de Estado.
Dos quatro investigados, dois já podriam ser promovidos na primeira janela de oportunidade, em 30 de abril.
Assim como Cid, Hélio Ferreira Lima e Guilherme Marques de Almeida frequentaram a Escola de Comando e Estado-Maior (Eceme), que aumenta a pontuação dos oficiais e dá prioridade na disputa por um posto de coronel.
Já os tenentes-coroneis Sergio Ricardo Cavaliere e Ronald Ferreira de Araújo Junior já não concorrriam ao posto de coronel nesta primeira leva, visto que não têm o curso de Comando e Estado-Maior.
No entanto, todos terão outras três oportunidades. Duas ainda neste ano, em agosto e dezembro. Outra no ano que vem, em abril.