A companhia de fertilizantes Mosaic fechou 2024 com resultados abaixo do esperado e sob pressão de uma crise no setor de insumos que se arrasta desde 2022. Essa, inclusive, é uma das justificativas da companhia para a redução de lucro líquido de US$ 365 milhões, no quarto trimestre de 2023, para US$ 169 milhões em igual período de 2024.
Os negócios de potássio e de fosfato não foram bem e recuaram, com um resultado de vendas pior na comparação anual, fechando 2024 em US$ 11,1 bilhões, aproximadamente US$ 2,6 bilhões a menos do que no ano anterior. Ano passado, a produção de fosfato caiu mais de 700 mil toneladas e a de potássio reduziu 250 mil.
De acordo com a Mosaic, os números refletem perdas financeiras em transações de câmbio. Durante a apresentação de resultados a investidores nesta sexta-feira (28/2), em teleconferência, executivos da empresa repetiram que o maior custo de produção, margens apertadas da comercialização dos produtos finais e demanda ruim foram os motivos principais para resultados piores do que o mercado aguardava.
Mesmo assim, o presidente-executivo da Mosaic, Bruno Bodine, se mostrou otimista e voltou a falar que espera uma melhora de resultados ainda este ano, com entrega maior de volume de fosfato e potássio. O trabalho vai depender de uma recuperação de confiabilidade do mercado, admite o CEO.
Compensação operacional
A companhia se apoia no fato de que os números, mesmo que piores, continuam positivos. E que houve uma compensação operacional proveniente da venda da participação que tinha na empresa saudita Ma’aden, por US$ 522 milhões, que fará a Mosaic ter condições de recuperação ao longo deste ano.
Segundo o executivo, a companhia já iniciou o controle de custos operacionais, em especial no Brasil. Uma das ações foi deixar de importar rocha fosfática e aumentar o processamento no Brasil, o que ajudará a diminuir os custos de produção entre US$ 35 milhões a US$ 40 milhões por ano. De acordo com a Mosaic, já em 2024 a queda nas despesas foi de US$ 15 milhões.
Ele também prevê medidas de realocação de capital em operações da empresa pelo mundo, assim como fez no Brasil, vendendo uma mina de fosfato em Patos de Minas (MG) por US$ 125 milhões à empresa Fosfatados Center.
Sofre o tarifaço de Donald Trump, que deve entrar em vigor no dia 4 de março para as exportações canadenses de potássio, a empresa preferiu apenas comentar que é algo “incerto”, mas que causaria interrupções significativas nos fluxos de venda da matéria-prima, caso sejam aplicadas.
Paralelamente, a Mosaic aposta no aumento da demanda por fosfato na Índia e recuo das exportações dessa matéria-prima pela China, o que viria bem para o caixa da fabricante de adubo.