A produção industrial brasileira registrou queda de 0,3% em dezembro na comparação com o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (5).
Apesar da perda de força no fim do ano, com nova queda da produção em dezembro, que reforçou os sinais de desaceleração da economia, a indústria brasileira cresceu em 2024.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção subiu 1,6%.
As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de queda de 0,5% na variação mensal e de alta de 1,1% na base anual.
Com isso, o setor terminou o ano de 2024 com alta acumulada de 3,1%, mostrando forte aceleração após avanço de apenas 0,1% em 2023 e marcando o ritmo mais forte desde 2021 (+3,9%), quando a economia se recuperava da pandemia.Play Video
“De modo geral, o crescimento do setor industrial em 2024 pode ser entendido a partir de alguns fatores, como o maior número de pessoas incorporadas pelo mercado de trabalho, a queda na taxa de desocupação, aumento na massa de salários e o incremento no consumo das famílias, beneficiado pelos estímulos fiscais, maior renda e a evolução na concessão do crédito”, disse André Macedo, gerente da pesquisa no IBGE.
O resultado mensal, no entanto, corrobora as expectativas de perda de força da economia no final do ano passado e de desaceleração em 2025, em meio ao aumento da taxa de juros, desvalorização do real e inflação elevada, mesmo com um mercado de trabalho robusto.
“Essa perda de dinamismo da indústria guarda uma relação com a redução nos níveis de confiança das famílias e dos empresários, explicada, em grande parte, pelo aperto na política monetária, com o aumento das taxas de juros a partir de setembro de 2024, a depreciação cambial, impactando os custos, e a alta da inflação, especialmente de alimentos”, avaliou Macedo.
No mês passado o Banco Central elevou a taxa de juros Selic em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março, deixando os passos seguintes em aberto.
Os números de dezembro de vendas no varejo e volume de serviços que ainda serão divulgados pelo IBGE devem dar um cenário mais claro sobre a temperatura da atividade no final do ano.
Os dados da pesquisa sobre a indústria mostraram que em dezembro a produção ainda estava 15,6% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
As principais influências negativas no mês foram exercidas por máquinas e equipamentos, com queda de 3,0% sobre novembro; e produtos de borracha e de material plástico, com recuo de 2,5%.
Entre as categorias econômicas, a produção de bens de consumo recuou 2,2% em dezembro sobre o mês anterior, enquanto os bens de capital tiveram queda de 1,1%. Somente os bens intermediários registraram alta na fabricação, de 0,6%.
Já no ano, colaboraram principalmente para o crescimento as altas de 12,5% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias; de 14,7% em equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (14,7%); e de 12,2% de máquinas, aparelhos e materiais elétricos.
Os resultados mostraram ainda que bens de capital tiveram o melhor desempenho no acumulado do ano, com alta de 9,1%, enquanto a fabricação de bens de consumo aumentou 3,5% e a de bens intermediários cresceu 2,5%.