O dólar opera em alta e o Ibovespa não apresenta grandes variações nas primeiras horas de negociações desta quarta-feira (5), com mercados analisando o cenário geopolítico após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar na véspera que o país deve assumir o controle da Faixa de Gaza.
Ainda no cenário internacional, investidores acompanham os desdobramentos da escalada da guerra comercial entre norte-americanos e a China, além de dados da economia dos EUA.
Na cena local, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar pela manhã que o Executivo busca soluções para baratear os alimentos.
Na agenda de dados, a produção industrial brasileira registrou queda de 0,3% em dezembro na comparação com o mês anterior. Apesar da queda, em 2024 o setor subiu 3,4%.
Diante destes cenários, por volta das 10h55, o dólar operava com alta de 0,85%, negociado a R$ 5,801 a venda.
A divisa encerrou a véspera R$ 5,7719, a menor cotação desde 19 de novembro do ano passado, na 12ª sessão seguida de retração.
Na mesma hora, o Ibovespa registrava leve de 0,1%, na faixa dos 125,2 mil pontos.
Nos mercados internacionais, os futuros de Wall Street recuam, enquanto as principais praças da Europa operam sem direção definida.
Cenário global
O presidente Donald Trump disse nesta terça que os Estados Unidos assumirão o controle e serão donos da Faixa de Gaza, acrescentando que “as mesmas pessoas” não deveriam estar encarregadas de reconstruir e ocupar a terra.
Trump afirmou que “nós (Estados Unidos) vamos desenvolver Gaza”. O presidente americano voltou a defender um esforço para reassentar permanentemente os palestinos em locais fora do enclave.
As declarações foram dadas durante encontro do republicano com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca.
Mercados também seguem de olho nas tensões comerciais entre EUA e China.
A guerra comercial escalou nos últimos dias após o presidente norte-americano anunciar tarifas de 10% sobre o país asiático.
Em retaliação, a China impôs uma série de barreiras para produtos importados dos EUA. As medidas entram em vigor a partir do dia 10 de fevereiro.
Nesta terça, Trump disse que não tem pressa para falar com o presidente chinês Xi Jinping.
“Falarei com ele no momento apropriado. Não estou com pressa”, ele afirmou.
Questionado sobre a decisão da China de emitir tarifas retaliatórias sobre as importações dos EUA, Trump respondeu “tudo bem”.
Os mercados também digerem dados do mercado de trabalho privado dos EUA, publicados nesta manhã. Dados da ADP mostraram que o país criou 183 mil postos de trabalho em janeiro, acima das expectativas do mercado.
O mercado de trabalho aquecido reforça a resiliência da maior economia do mundo, o que pode forçar o Federal Reserve (Fed) manter os juros pressionados por mais tempo.
Indústria retrai em dezembro
O resultado foi menos negativo do que a mediana das previsões dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, de queda de 1,2%, e ficou perto do teto das estimativas, que iam de recuo de 2,2% a contração de 0,1%.
No acumulado do ano de 2024, que tem como base de comparação o mesmo período do ano anterior, a indústria teve uma alta de 3,1%. As estimativas variavam entre uma alta de 1,0% a 3,2%, com mediana de 2,9%.
Também na agenda de dados, a atividade de serviços no Brasil mostrou forte piora no início do ano e registrou retração pela primeira vez em quase um ano e meio em janeiro, em meio a piora da demanda e a intensificação das pressões inflacionárias, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI).
O levantamento divulgado nesta quarta-feira pelo pela S&P Global mostrou queda do índice para 47,6 em janeiro, de 51,6 em dezembro, indo abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração pela primeira vez desde setembro de 2023.
Esse é o nível mais baixo para o PMI de serviços desde abril de 2021, atingido em meio a um novo declínio na entrada de novos negócios, o que levou as empresas a reduzirem a produção no ritmo mais forte também desde abril de 2021.
Lula vai discutir preços dos alimentos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta manhã que se reunirá nesta semana com representantes da indústria da carne e com o Ministério da Agricultura para discutir o aumento no preço dos alimentos.
“Ainda ontem eu fiz uma reunião com a Fazenda e vamos encontrar a solução. Tenho uma reunião essa semana com o pessoal da carne, com o Ministério da Agricultura para que a gente encontre uma solução para fazer com que esse alimento chegue na mesa do trabalhador compatível com o poder aquisitivo do trabalhador”, afirmou Lula durante entrevista à rádios mineiras.
O presidente disse ainda que o governo “leva a inflação muito a sério” e que, em seu ponto de vista, ela está controlada. Mas ainda há a preocupação de evitar que o preço dos alimentos “continue prejudicando o povo brasileiro”.
O presidente também disse que o Brasil será recíproco se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidir aumentar a tarifa de produtos brasileiros. Segundo ele, a lei da reciprocidade é o “mínimo de decência” que um governo deve ter.
Lula firmou que seu interesse seria, na realidade, que ambos os países diminuíssem cada vez mais as tarifas. Mas, se os EUA ou qualquer outro país decidir aumentar as taxas, o Brasil faria o mesmo.