O dólar passou a cair nas negociações desta segunda-feira (3) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizer que vai suspender as tarifas planejadas contra o México e as negociações continuarão para se chegar a um “acordo” entre os dois países.
O republicano também ameaçou ações semelhantes contra a União Europeia e Reino Unido.
No final da sessão, o dólar registrava queda de 0,34% ante o real, negociado a R$ 5,8159 na venda. Mais cedo, a divisa operava em alta, superando a cotação de R$ 5,90 na máxima.
Essa é a décima primeira vez consecutiva em que a moeda norte-americana encerra com perdas ante o real, registrando a maior sequência em 20 anos.Play Video
Em janeiro, o real valorizou mais de 5,5% ante o par norte-americano.
Na sexta-feira (31), a divisa encerrou com queda de 0,3%, a R$ 5,835.
Com o mesmo viés negativo, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, fechou em queda de 0,13%, a 125.970,46 pontos.
O movimento segue Wall Steet, que terminou em baixa, mesma direção das principais praças da Europa.
Na Ásia, índices fecharam em queda forte, com destaque ao tombo de 2,66% do Nikkei, em Tóquio, enquanto o sul-coreano Kospi recuou 2,52% em Seul.
A taxação de produtos importados foi uma das principais bandeiras da campanha de Trump. O presidente declarou emergência nacional sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, o que permite amplos poderes para lidar com crises, para autorizar as tarifas.
Parte da decisão foi revertida hoje, com pausa nas taxações do México, após a presidente Claudia Sheinbaum afirmar que vai trabalhar em conjunto com autoridades dos EUA em pautas de segurança e comércio.
Em pronunciamento na manhã desta segunda, Sheinbaum afirmou que o país vai mandar imediatamente 10 mil membros da guarda nacional para reforçar o controle da fronteira.
O presidente dos EUA também conversou com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, à medida que os dois países se preparam para impor novas tarifas de importação um ao outro.
Trump disse que falará com Trudeau novamente às 17h (horário de Brasília).
Retaliação
Em resposta, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse no sábado que o país imporia tarifas de 25% sobre 155 bilhões de dólares canadenses (106,5 bilhões de dólares) de produtos dos EUA em resposta às tarifas dos EUA.
Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, pediu a implementação de medidas tarifárias e não tarifárias em resposta à decisão dos EUA.
O governo da China denunciou, no domingo (2), a imposição pelo governo Trump de uma tarifa de 10% sobre as importações chinesas.
“Pequim desafiará a tarifa do presidente Donald Trump na Organização Mundial do Comércio e tomará “contramedidas” não especificadas em resposta à taxa, que entra em vigor na terça-feira (4)”, disseram os ministérios das finanças e do comércio.
No Brasil
Mais cedo, analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma inflação ligeiramente mais alta ao fim deste ano e do próximo, segundo a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.
O levantamento mostrou que a expectativa para o IPCA agora é de alta de 5,51% ao fim deste ano, de 5,50% na pesquisa anterior, no que foi a 16ª semana consecutiva de aumento na previsão. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira é de 4,28%, de 4,22% anteriormente.
O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.