As ofertas de Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagros) somaram R$ 1,28 bilhão em dezembro de 2024, o melhor desempenho mensal desde janeiro de 2023, quando as emissões totalizaram R$ 1,72 bilhão. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando as emissões atingiram R$ 956,7 milhões, as emissões aumentaram 34,1%. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A melhora, no entanto, não foi suficiente para reverter a queda no volume de emissões, que no ano de 2024 totalizaram R$ 4,8 bilhões, ante R$ 8,9 bilhões um ano antes, uma queda de 45,3%. Em número de ofertas houve pouca variação, chegando a 60 operações no ano passado, ante 58 em 2023.
A captação líquida dos Fiagros em 2024 somou R$ 1,1 bilhão, 73,4% abaixo do que foi registrado em 2023, de R$ 4,3 bilhões. A maior parte das entradas líquidas foi no segundo trimestre, período que correspondeu a R$ 615,2 milhões da captação líquida no ano.
Em dezembro, a captação líquida ficou negativa em R$ 120,4 milhões, ante uma captação líquida de R$ 440,6 milhoes um ano antes.
A captação líquida apresentou desaceleração principalmente após o pedido de recuperação judicial da Agrogalaxy, com dívida de mais de R$ 4 bilhões e que estava na carteira de muitos Fiagros.
Brunna Viana, head de agro do Andbank, disse que o cenário para 2025 apresenta desafios relacionados ao cenário macroeconômico, ao alto endividamento do setor do agronegócio e a mudanças regulatórias. Mas, a longo prazo, a tendência é de crescimento. “Acredito que quem investe no mercado agro tem em mente que é um negócio de longo prazo”, afirmou Viana.
Viana acrescentou que os gestores de fundos adotaram medidas para mitigar perdas, como provisionar os títulos relacionados à Agrogalaxy e ajuste no valor patrimonial das cotas para refletir os riscos. Ela considerou ainda que tem havido aumento da procura pelos Fiagros-FII (Fundos Imobiliários), voltados para aquisição de ativos imobiliários, principalmente da parte de family offices.
Desempenho por modalidade
Os Fiagros-FIDC (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) lideraram as emissões em 2024, com 39 ofertas totalizando R$ 2,92 bilhões, ante R$ 1,57 bilhão no ano anterior.
Em seguida vieram os Fiagros-FII (Fundos Imobiliários), com 19 ofertas e R$ 1,9 bilhão, ante R$ 7,20 bilhões no ano anterior. Os Fiagros-FIP (Fundos de Investimento em Participações) tiveram aportes de R$ 17,7 milhões em duas emissões no ano passado, ante R$ 80,6 milhões em 2023.
Em relação aos subscritores das emissões, os fundos de investimento foram responsáveis pela maior parcela (35,7%), seguidos por pessoas físicas (28,7%) e intermediários e demais participantes ligados à oferta (26,5%).
Em 2023, pessoas físicas responderam por 76,8% das subscrições, seguidos por fundos de investimentos (8,7%), investidores institucionais (7,7%) e intermediários e demais participantes (6,8%).
O patrimônio líquido dos Fiagros cresceu 19,6%, passando de R$ 34,7 bilhões em 2023 para R$ 41,5 bilhões em 2024. Os Fiagros-FII continuam sendo os mais representativos, com 45,3% do total, seguidos pelos Fiagros-FIP (41%) e pelos Fiagros-FIDC (13,7%).