A Fazenda Nossa Senhora do Rosário, propriedade do agricultor Diogo Picaro Mauro, em Santa Cruz do Rio Pardo (SP), foi a campeã em produtividade da carinata em 2024 no Brasil. Numa área irrigada de 37 hectares, ele obteve uma produtividade de 38,63 sacas por hectare. Entre receita e despesa, Mauro avalia que a aposta deu certo: “Considerando os gastos com insumos e operacional, e um preço médio de venda entre R$ 105 e R$ 110 a saca, tive um resultado positivo de 12,44%”.
No total, a fazenda tem 150 hectares de cultivo em área irrigada e 220 hectares de sequeiro. A área destinada à carinata ficou sob um dos pivôs de irrigação. Durante a safra, o produtor planta soja e na safrinha, normalmente, entra com milho, sorgo e trigo. Ele conta que resolveu arriscar e optou pela nova cultura para a entressafra, em um período em que o milho tinha acabado de ser colhido e a área estaria vazia enquanto aguardava a soja.
“A gente trocou a roda com o carro andando”, diz. “Se o custo com cobertura seria inevitável, por que não arriscar com a carinata, que poderia gerar receita?”, indaga. O plantio ocorreu em maio e a colheita em setembro.
O produtor acredita que ainda são necessários ajustes — como reduzir a população de plantas — e intensificação de pesquisas para que o resultado com a carinata no campo seja ainda melhor. “Futuramente, será uma opção favorável aos produtores, até pela questão da sustentabilidade e do mercado de biocombustíveis”.
O engenheiro agrônomo e ambiental Geuzimar Terração, consultor da Valmont, que acompanha a propriedade de Mauro, ressalta que esse foi o primeiro plantio comercial de carinata irrigada por pivô central no Brasil. “A carinata é uma opção de fonte de renda com apelo sustentável muito grande e que ainda prepara o solo para a próxima cultura”, afirma.
Características
Planta da família das brassicáceas, como a mostarda, tem porte elevado e estrutura robusta. Suas folhas largas e caule carnudo podem alcançar mais de dois metros de altura. Por outro lado, o grão é pequeno, como o da mostarda. De acordo com Terração, a carinata tem alta concentração de ácido erúcico e ácido glucossinólico, o que inviabiliza seu uso para alimentação humana ou animal, mas a torna ideal para a produção de biocombustíveis e outros usos industriais.
“A carinata tem perfil tropical, o que faz dela uma boa candidata para o Brasil. Ela se adapta bem ao clima do país, tolerando desde altas até baixas temperaturas, chegando a resistir a geadas de até -2°C”, diz Pedro Henrique Pegorer, diretor comercial e de operações da Cerealista Solimã, que decidiu testar a viabilidade e distribuição da cultura, e em áreas irrigadas do Estado de São Paulo.