O aeroporto de Congonhas vai começar a testar o uso de um novo biocombustível brasileiro em suas operações internas. A Aena, concessionária que administra o aeroporto, acertou um contrato de fornecimento do BeVant, um combustível desenvolvido e patenteado pela Be8 a partir do biodiesel e que pode ser usado diretamente nos motores a diesel. O biocombustível, um metil éster bidestilado, é produzido a partir do biodiesel feito de óleo de soja e de gorduras animais e passa por processos físico-químicos e pela bidestilação.
Os testes vão começar a ser realizados em 20% da frota de veículos e máquinas que rodam no aeroporto. Segundo Kleber Meira, CEO do Aeroporto de Congonhas, a Aena quer descarbonizar suas operações com as tecnologias mais novas que existem e está buscando diferentes soluções. Além de testar o BeVant, o aeroporto também vai substituir dez dos 25 ônibus de transporte de passageiros com motor a diesel por motores elétricos, e ainda está buscando fontes de energia renováveis para atender suas operações.
Ao longo deste ano, a Aena quer comparar os resultados das diferentes rotas de descarbonização. “Vamos poder mensurar a rentabilidade e a performance para poder até o fim do ano ter uma conclusão”, afirmou Meira. Segundo o executivo, a empresa está apostando no BeVant “justamente porque entendemos que vai ter um custo, ainda um pouco acima do diesel, mas muito abaixo do que outras tecnologias que tivemos acesso”.
O executivo não informa o preço a ser pago pelo BeVant, mas garante que será a “preço de mercado”. A única opção existente hoje para substituir o diesel fóssil por uma solução renovável drop-in (que não precisa de adaptação nos motores) é o diesel verde (HVO, na sigla em inglês), mas sua produção ainda não é feita em nenhum país da América Latina e seu custo é o dobro do BeVant, afirma Erasmo Carlos Batistella, dono e CEO da Be8.
A produtora do biocombustível já acertou outros contratos de fornecimento do BeVant com outros clientes, mas o acordo com o Aeroporto de Congonhas foi o “mais importante até agora”, garante Batistella. O aeroporto “vai usar um volume importante de produto. Para a Be8, o que mais importa aqui é o que vai significar. Demosntra que os biocombustíveis brasileiros têm a capacidade de ajudar imediatamente a fazer a descarbonização no escopo 3 [relacionadas às cadeias de fornecimento e transporte de pessoas ligadas às organizações]”, afirma o empresário.
Se a Anea considerar o resultado com o BeVant positivo, Meia afirmou que a Aena expandirá o uso do biocombustível da Be8 para todos os veículos a diesel do Aeroporto de Congonhas até o fim do ano e, posteriormente para os outros 16 aeroportos que tem no país. “Podemos até exportar a tecnologia, porque operamos também em outros países, como na Espanha, no México, na Inglaterra”, afirmou. Segundo o executivo, o plano agora é tornar a Aena uma “referência no setor aeroportuário em sustentabilidade, e nada melhor do que fazer [os testes] em Congonhas para dar exposição”.
Perfil do BeVant
Batistella ressaltou que o BeVant é tanto solução imediata de descarbonização como uma solução com “DNA brasileiro”, já que utiliza matéria-prima brasileira e a tecnologia de produção desenvolvida no Brasil – o processo de produção do biocombustível também foi patenteado pela Be8.
O BeVant é produzido na unidade industrial da Be8 em Passo Fundo (RS), que já fabrica biodiesel. O biocombustível tem baixo índice de acidez, é livre de contaminantes e tem baixo teor de enxofre. Seu consumo emite 50% menos monóxido de carbono do que o diesel de origem fóssil, 85% menos material particulado e 90% menos fumaça preta.