A 3tentos anunciou nesta quinta-feira que irá apostar no cultivo de canola no Rio Grande do Sul a partir da safra de inverno de 2026. A companhia já está oferecendo a semente e fazendo o barter. A canola será utilizada para a produção do biodiesel na fábrica de Ijuí, em um volume correspondente a três meses de fabricação do combustível.
Em comunicado, João Marcelo Dumoncel, COO da 3tentos, disse que a demanda garantida pela indústria vai dar o impulso que faltava para o desenvolvimento da canola no Estado. “Vamos trazer informações para o agricultor de uma cultura ainda pouco difundida. Não é um movimento isolado, mas um mercado que está se movimentando e que terá a 3tentos se colocando na liderança”, comentou.
Para iniciar o projeto com a canola, a empresa realizou pesquisas com a planta na Austrália, onde a canola é bastante desenvolvida, por meio de sua academia que conta com uma equipe de 168 agrônomos.
O objetivo é introduzir a canola como uma cultura de rotação de inverno, que não vai ocupar o lugar do trigo, mas irá se alternar a ele a cada duas safras.
“Não vamos reduzir o trigo, indicamos a canola como uma rotação. O trigo em dois invernos seguidos é positivo, mas no terceiro já começa a ser afetado. A área em que ele foi plantado começa a perder produtividade e aumenta a sensibilidade a doenças no terceiro e no quarto ano”, explicou Dumoncel.
Hoje, o Rio Grande do Sul conta com quase 7 milhões de hectares de soja plantados e cerca de 1,3 milhão de trigo, segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) relativo à safra de 2024. Já a canola ocupa apenas 140 mil hectares.
“O Estado tem uma área descoberta que não está tendo uma atividade econômica importante o ano todo. Estamos incentivando o produtor a ocupar este espaço sem diminuir o trigo, mas acrescentando a canola como uma cultura de inverno”, complementou o executivo.
De acordo com as pesquisas da 3tentos, a canola proporciona 43% de óleo na extração, contra cerca de 20% em média da soja, e oferece o mesmo rendimento no combustível. “A canola vai trazer mais economia e desenvolvimento, além de ter uma pegada de carbono menor”, afirmou Dumoncel.
Para a produção do biodiesel, a companhia fará uma adaptação na indústria de Ijuí/RS, que não requer grandes investimentos, segundo a empresa. O processo pode ser feito em 24 horas, apenas para limpar a linha de produção e irá suprir a indústria, na primeira fase, por três meses.