Enquanto o impacto das mudanças na fiscalização de transações feitas via Pix ganham as mais diversas narrativas nas redes sociais, o estrago já está feito. Mas o importante é dizer: nada muda. A leitura é de Everardo Maciel, ex-secretário de Receita Federal entre 1995 e 2002.
“Se deu um excesso de publicidade a uma informação que já existe acesso. Qual a novidade? Não existia uma ferramenta chamada PIX. É acesso a informação do PIX, rotineiro, nada novo”, diz Everardo em entrevista à CNN.
“É apenas um instrumento em cima de uma regra que existe há 24 anos. Quando o Drex aparecer, vai acontecer a mesma coisa. É apenas um instrumento que passou a ter uma ferramenta interna da Receita”, afirma.
“As pessoas não entenderam nada e acharam que vão ser tributadas. Mas não há tributação sobre movimentação financeira. Passaram a desconfiar, mas todos já são fiscalizados”, diz ele. “O PIX não vem de geração espontânea, as transações já são acompanhadas”, diz Everardo.
“Se um contribuinte está sob investigação, já está sob escrutínio da Receita. Não é uma revolução”, diz.Play Video
A razão do barulho, segundo o ex-secretário, envolve um problema rotineiramente atribuído à atual gestão: problemas de comunicação.
“A imprudência de comunicação teve o efeito oposto. Começa a fantasia, o delírio. Tem que ter consistência no discurso. Transformar matéria tributária em discurso político é muito difícil. É necessário ter muito cuidado. É indispensável confiança e reciprocidade”, diz.