Desde a transformação da Portuguesa em clube-empresa, Alex Bourgeois, presidente da SAF, levou novos modelos de trabalho para dentro do clube. Um deles é a implementação do “Moneyball” para traçar o perfil dos reforços do clube.
“Começou assim [vendo o filme]. Quando eu quis entrar para o futebol, eu li dois livros, um foi o Moneyball e o outro foi ‘A bola não entra por acaso’. E quando eu li o ‘Moneyball’, achei muito interessante. Então comecei a trabalhar alguma coisa nesse sentido para ver se conseguia aplicar isso aqui no Brasil”, explicou o presidente em entrevista ao ge.
O filme, que foi lançado em 2011 e é baseado em fatos reais, conta a história de Billy Beane (Brad Pitt), gerente de um time de beisebol, o Oakland Athletics. Peter Brand (Jonah Hill) desenvolve um programa para o clube, que não tem muito dinheiro, baseado em estatísticas, transformando o Oakland em um dos melhores times da liga.
O Moneyball busca contratar jogadores com base em uma extensa base de dados. A Lusa usa os algoritmos que quantificam as habilidades dos jogadores, permitindo que os analistas selecionem os atletas que mais se encaixam nas necessidades específicas do time.
Apenas nesta janela, a Portuguesa observou três mil jogadores neste modelo. O goleiro Rafael Santos, recém-contratado, é um exemplo do uso deste método, destacando-se pela quantidade de passes completados.Play Video
“A gente analisou o Rafael como goleiro, e a gente percebeu que, dentro do ranking, ele estava em uma boa posição em passes acima não só dos goleiros, mas também de vários jogadores, como zagueiros, por exemplo, que jogam logo à frente dele”, revelou o dirigente.
Dessa forma, pela lógica, o número de gols de um atacante deveria ser um dos dados mais importantes, mas para Alex Bourgeois não é. Para o dirigente vale muito mais a eficácia do atleta do que apenas o número de gols marcados. Por exemplo: se um jogador faz 10 gols, mas espera-se 20 dele, o jogador não é eficiente.
A análise permite avaliar a eficiência dos jogadores e ajuda a identificar quais podem ser mais valiosos para a equipe.
“Digamos que o atacante fez 18 gols, mas ele tinha probabilidade de 12 gols. Ou seja, ele foi mais eficiente do que ele tinha probabilidade de gol. Se ele gerou 18, mas ele teve probabilidade de fazer 30? Na verdade, ele não é o cara”, explicou Bourgeois.
Além da análise dos dados de campo, o comportamento do atleta também é analisado, buscando identificar como o jogador lida com situações que ele pode enfrentar em campo. As análises feitas não anulam a observação de analistas e treinadores, mas servem apenas como um filtro inicial.
A ideia do presidente da SAF da Lusa se inspirou em um time inglês que voltou à elite nacional e, por vezes, fica à frente de Tottenham e Manchester United.
“Esse ano fui conhecer o caso do Brighton, que é incrível, um dos melhores vendedores de jogadores na Inglaterra, que usa sistema estatístico altamente desenvolvido e muito profundo. Então, a minha ideia é trazer isso para o Brasil”, apontou.
Mesmo com as 13 contratações anunciadas, Alex não está satisfeito com o elenco montado, apesar de estar confiante. A ideia é que sejam contratadas mais quatro peças, chegando a 17 reforços.
“Estou confiante. Acho que o elenco está sendo bem trabalhado. Eu desafio qualquer um a encontrar um clube no Brasil que contrate 17 jogadores em 30 dias. É um milagre, então acho que estamos caminhando bem”, finalizou o presidente da SAF.
A equipe estreia no Campeonato Paulista em 15 de janeiro, contra o Palmeiras, no Allianz Parque. Alex Bourgeois disse que está animado para enfrentar Abel Ferreira e que torceu pelo confronto no sorteio dos grupos.
“Eu queria o Palmeiras. É o tricampeão paulista, acho que vai ser um baita jogo e estou superfeliz de pegar o Palmeiras primeiro.”